Protestos pró-Palestina crescem em universidades dos EUA e influenciam campanha eleitoral

Manuella Bahls Por Manuella Bahls
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Foto destaque: Faixa colocada em acampamento na Universidade Columbia, em Nova York, manifesta solidariedade aos palestinos de Gaza (Foto: Stefan Jeremiah)

Nos últimos dias, as universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos, como Columbia, Harvard e Yale, tornaram-se palcos de uma série intensa de protestos pró-Palestina. Os manifestantes, compostos majoritariamente por estudantes e membros da comunidade acadêmica, demandam que as instituições cortem laços com Israel e com empresas que apoiam suas ações na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza. Essas manifestações, que começaram no dia 18 de abril na Universidade Columbia em Nova York, já resultaram em cerca de 700 detenções em todo o país.

Impacto político e segurança nos campus

O conflito entre Israel e o Hamas, que escalou após o grupo, classificado como terrorista pelos EUA e outros países, invadir Israel em outubro de 2023, matando e sequestrando cidadãos, tem repercutido fortemente no ambiente universitário. Os protestos estão sendo vistos como um potencial divisor de águas para o apoio dos jovens americanos ao governo Biden nas próximas eleições presidenciais, devido ao seu suporte às ações israelenses em Gaza.


Esquerda: Shai Davidai, professor associado da Universidade de Columbia, em uma entrevista do 60 Minutes. Direita: Manifestantes em apoio aos palestinos fora da Universidade de Columbia, em Nova York (Captura de tela via 60 Minutes/YouTube, Eduardo Muñoz/Reuters)

“Sinto-me cada vez mais isolado e preocupado com a minha segurança aqui.”

Davidai, ressaltando a tensão vivenciada por membros da comunidade judaica.

Manifestantes pró-Gaza na Universidade Columbia, em NY, epicentro de um movimento que está se espalhando para outras instituições – Foto: Ted Shaffrey

A tensão nos campus é palpável, com relatos de incidentes antissemitas aumentando a polarização. Professores e alunos judeus, como Shai Davidai da Universidade Columbia, expressaram medo e preocupação com a segurança, destacando um ambiente cada vez mais hostil.

As autoridades universitárias têm respondido com medidas severas. A polícia foi chamada em várias universidades para dispersar os protestos, resultando em um número significativo de prisões. Em locais como a Universidade Northeastern em Boston e a Universidade de Washington em St. Louis, grandes operações de detenção foram realizadas.

Debate eleitoral e cobertura internacional

Esses eventos têm sido amplamente cobertos pela imprensa internacional, destacando a magnitude e a disseminação dos protestos. Com a eleição presidencial se aproximando, o tema já se tornou um ponto de debate entre os candidatos. Donald Trump criticou a abordagem de Biden, que tenta equilibrar condenações aos protestos com uma compreensão das preocupações palestinas, enquanto Jill Stein, candidata do Partido Verde, foi detida durante um desses protestos, marcando sua posição sobre o conflito.


Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os ex-presidente Donald Trump (Reprodução: Getty Images

Especialistas, como o cientista político Paulo Velasco, veem essas manifestações como um momento decisivo, não apenas para a política externa dos EUA, mas também para o futuro político de Biden, cujo apoio entre os jovens americanos e a comunidade árabe está em risco.

À medida que o fim do ano letivo se aproxima, a continuidade dos protestos permanece incerta, mas o impacto já deixado nas universidades e na política americana será sentido por muito tempo.

Jornalista curiosa e sensível, apaixonada por contar histórias que inspiram e conectar pessoas através das palavras.
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