O presidente da Rússia, Vladimir Putin, admitiu estar preocupado com a escalada dos conflitos no Oriente Médio, que podem apontar para a 3ª Guerra Mundial. Putin fez a declaração durante o Fórum Econômico Internacional de São Petesburgo (SPIEF), nesta sexta-feira (20).
Durante o evento, o líder russo falou sobre a guerra com a Ucrânia, desde fevereiro de 2022, e sobre o conflito do momento entre Israel e Irã, que é aliado da Rússia na guerra contra a Ucrânia.
O governante russo teceu comentários sobre os ataques em torno das instalações nucleares iranianas, onde especialistas da Rússia estão construindo dois novos reatores para Teerã.
É preocupante. Estou falando sem ironia, sem brincadeira.
Vladimir Putin
O líder ressaltou que há um “grande e crescente potencial de conflito” no Oriente Médio, que pode escalar ainda mais no cenário internacional, diante dos olhos de todo o mundo. “E isso exige, é claro, não apenas nossa atenção cuidadosa aos eventos que estão ocorrendo, mas também a busca de soluções, de preferência por meios pacíficos, em todas as direções”, afirmou o russo.
Putin mediador
O presidente russo se ofereceu para servir de mediador no conflito entre Israel e Irã, o que não causa surpresa. A oferta incomodou o presidente norte-americano Donald Trump.
Em 2025, Rússia e Irã assinaram um pacto de cooperação mútua de longo prazo, que inclui coordenação político-militar, apoio em fóruns internacionais e possíveis pactos de defesa mútua, segundo alguns analistas.
O acordo não deixa claro se o Kremlin deve fornecer armamento ou contribuir na produção bélica iraniana. No entanto, caso o conflito no Oriente Médio se amplie, é possível que a Rússia ajude o governo do Irã.
Rússia x Ucrânia
Putin lidera a invasão das tropas russas na Ucrânia em uma guerra que já dura três anos.
Devido aos atritos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), composta por países da União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido, existe o receio de que a guerra atinja mais regiões além das fronteiras ucranianas.
O czar russo ameaçou novamente a Ucrânia e sinalizou que existe a possibilidade de tomar novos territórios, como a cidade de Sumy, ao nordeste do país. Putin declarou que os povos russo e ucraniano são um só e que “não busca a rendição do rival”, mas o reconhecimento de 20% do território ucraniano que as tropas da Rússia agora ocupam.
A Ucrânia é nossa.
Vladimir Putin
O presidente russo justificou a invasão da Ucrânia como uma resposta aos constantes bombardeios ucranianos nas áreas de fronteira, por acreditar que os ucranianos representam uma ameaça para a Rússia.
Em 2021, o chefe do Kremlin publicou um ensaio em que defende a inexistência da Ucrânia como um país soberano. Contudo, Putin disse nesta sexta que nunca questionou o direito do povo ucraniano a soberania da Ucrânia. Em contrapartida, pontuou que, quando o país declarou sua independência em 1991, era um “Estado neutro”.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky rejeita a ideia de que russos e ucranianos são um só povo. Kiev, com o apoio de aliados do Ocidente, classifica como ilegal a pretensão de Moscou sobre a Crimeia e outras quatro regiões do território ucraniano.