No conteúdo investigado pela PF, percebeu-se que a Marinha estava pronta para usar seus tanques de guerra. O comandante do setor na época, o Almirante Almir Garnier Santos, teria aderido ao plano de golpe e está entre os 37 indiciados por planejar tais atos contra a democracia.
Na troca de mensagens reveladas no relatório da Polícia Federal, Almir Ganier Santos é citado por um contato nomeado como “Riva”, como um “Patriota”. O contato também expõe que a Marinha tinha “tanques no Arsenal prontos” para serem colocados nas ruas. O ex-comandante era visto como um aliado importante por pertencer a um dos pilares das Forças Nacionais.
Na sequência da troca de mensagem, o interlocutor afirma que Jair Bolsonaro, chamado de “01”, deveria ter tido ações mais decisivas com a Marinha, pois, o “Exército e a Aeronáutica iram atrás”.
O material, que teve o sigilo quebrado pelo Ministro Alexandre de Moraes, mostra que existiam articulações entre militares pertencentes às Forças Nacionais para a concretização de um Golpe de Estado.
Rejeição dos comandantes
O relatório também indica que a rejeição dos comandantes do Exército e da Aeronáutica foi crucial para que o plano de golpe não saísse do papel. O general do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e o Tenente-Brigadeiro do Ar, Carlos de Almeida Baptista Junior, “não cederam às pressões golpistas”, segundo informa o documento.
No material, também é informado que para que o golpe ocorresse com sucesso, Jair Bolsonaro precisava do apoio das Forças Armadas, principalmente do Exército, visto como o “braço armado” do Estado. O ex-presidente tentou promover diversos encontros com comandantes militares, no entanto, Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Junior recusaram-se a participar da trama.
Desfile
Em 2021, o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, promoveu um “desfile” de blindados e outros veículos militares no Palácio do Planalto, com o objetivo de convidar Jair Bolsonaro para um exercício militar. O episódio acabou gerando um desconforto, por ocorrer no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados avaliaria a proposta do voto impresso.
Ao ser questionado, Garnier afirmou que tudo não passou de uma coincidência de datas e que a Marinha era extremamente cumpridora da lei e da ordem.