O Talibã anunciou novas medidas que aprofundam o controle sobre a educação no Afeganistão. O regime determinou a proibição de livros escritos por mulheres e de obras de autores iranianos em universidades, além de retirar 18 disciplinas inteiras dos currículos acadêmicos. A decisão foi justificada sob a alegação de alinhar o ensino às interpretações religiosas defendidas pelas autoridades.
Livros e autores vetados
A ordem impede que obras de mulheres sejam lidas, independentemente do tema tratado, reforçando uma política de invisibilidade das vozes femininas no espaço acadêmico. Além disso, os livros produzidos por autores iranianos também foram banidos, sob o argumento de que suas ideias não correspondem ao modelo cultural e religioso estabelecido pelo governo.
Essa medida do Talibã elimina uma parte significativa da produção literária disponível nas bibliotecas universitárias, restringindo o contato dos estudantes com diferentes perspectivas e referências intelectuais.
Disciplinas retiradas dos currículos
Outro ponto central da decisão foi o veto a 18 disciplinas que antes faziam parte das universidades do país. Segundo informações divulgadas, seis dessas matérias estavam ligadas diretamente a temas relacionados às mulheres. O corte não apenas reduz o leque de opções acadêmicas, mas também suprime debates sobre direitos e questões sociais que poderiam fortalecer a participação feminina na sociedade afegã.
A exclusão desses cursos não representa apenas um ajuste curricular, mas sim um esforço deliberado para consolidar um modelo de ensino rígido, homogêneo e completamente subordinado às diretrizes ideológicas do Talibã. Ao restringir o acesso a disciplinas que incentivam questionamentos, diversidade de pensamento e reflexão crítica, o regime busca impor uma narrativa única, onde apenas suas visões religiosas e políticas têm espaço.
Essa postura vai muito além de uma simples mudança administrativa: ela transforma a universidade em um ambiente controlado, no qual os estudantes deixam de ser estimulados a desenvolver autonomia intelectual e passam a ser moldados para reproduzir uma visão de mundo específica. Nesse processo, a instituição perde seu papel essencial de promover pluralidade, diálogo e produção de conhecimento diverso, tornando-se um instrumento de reforço do poder do regime.
As novas proibições, somadas às restrições já impostas desde que o Talibã retomou o poder, demonstram um movimento contínuo de cerceamento das liberdades no campo da educação. O impacto atinge tanto homens quanto mulheres, mas afeta de maneira mais severa a possibilidade de inserção e reconhecimento das mulheres no meio acadêmico e profissional.
