O julgamento de Sean “Diddy” Combs por extorsão e tráfico sexual entrou no sétimo dia nesta terça-feira (20) e ouviu o depoimento de dez testemunhas até o momento.
Quatro testemunhas se destacaram e relataram com detalhes suas experiências e interações com o veterano da indústria musical.
James
David James trabalhou como assistente do rapper de 2007 a 2009 e declarou ter testemunhado Diddy usando drogas. James afirmou que nunca presenciou a violência física de que Diddy é acusado contra Cassie Ventura, no início do relacionamento dos dois.
O ex-assistente descreveu como abastecia e organizava os quartos de hotel, além de comprar suprimentos para o ex-chefe. O magnata da música o encarregava de comprar preservativos, óleo de bebê e gel lubrificante e orientava o funcionário a não pedir reembolso à empresa por serem itens de uso pessoal para os quais Combs não queria registro.
David afirmou ter testemunhado o ex-patrão consumir drogas e oferecê-las aos amigos. James confirmou que as conseguiu para os amigos de Combs em algumas ocasiões.
No dia em que uma das pulseiras Cartier do rapper desapareceu, a segurança revistou todos os pertences de David. Em outros episódios em que outros pertences de Diddy desapareceram, o então funcionário precisou passar por um teste no detector de mentiras, o que descreveu como uma situação muito intimidadora.
James entendeu o perigo de trabalhar para Combs pela primeira vez quando foi a uma lanchonete com o segurança do rapper buscar comida para Combs e a equipe. Lá chegando, se depararam com o rival de Diddy, Marion “Suge” Knight.
James testemunhou que, quando voltaram para a casa de Combs, o rapper determinou que James deveria voltar à lanchonete com o segurança para procurar Knight enquanto o músico permaneceria sentado no banco de trás do carro com três armas no colo. Entretanto, Knight não estava mais lá.
Logo após este incidente, James deu seu aviso prévio e deixou a empresa em maio de 2009.
Ventura
Regina Ventura, mãe de Cassie Ventura, que foi namorada de Combs, afirmou que conheceu o então namorado da filha em 2006, quando Cassie assinou um contrato com a gravadora do empresário, a Bad Boy Records. Regina testemunhou que visitava a filha no início do namoro do casal, em Nova York, cerca de quatro vezes por ano. Contudo, quando a Cassie se mudou para a Califórnia para morar com Diddy, a mãe reduziu as visitas e passou a vê-la com mais frequência apenas nos feriados.
Regina testemunhou que a filha enviou um e-mail para ela e outro funcionário de Combs sob um pseudônimo. No e-mail, Cassie contou para a mãe que Combs a havia ameaçado de divulgar vídeos de sexo explícito com ela. Regina afirmou não ter entendido muita coisa a princípio, mas contou que os vídeos a deixaram perplexa. Apesar de ela não conhecer Diddy, ela sabia que ele tentaria ferir a filha.
De acordo com o testemunho, na mesma época em que Cassie contou sobre a ameaça, Combs entrou em contato com Regina e pediu US$ 20 milhões (aproximadamente R$ 110 milhões) para recuperar o dinheiro que ele havia investido em Cassie Ventura, o que a deixou muito temerosa pela segurança da filha.
O rapper se mostrou irritado porque descobriu que Cassie estava em novo relacionamento, com Kid Cudi. A maneira que Regina e seu marido encontraram para conseguir o dinheiro foi fazer um empréstimo com garantia imobiliária. Ela transferiu o dinheiro para a conta da Bad Boy, mas, cinco dias depois, o dinheiro retornou para a sua conta.
Todo o júri viu fotos que Regina Ventura fez de Cassie em dezembro de 2011, em sua casa em Connecticut, para registrar e provar o espancamento sofrido pela filha, após suposta agressão física de Combs.
Ela estava machucada, e eu queria garantir que isso fosse eternizado.
Regina Ventura
Hayes
Sharay Hayes, de 51 anos, que trabalha como acompanhante masculino, conheceu Combs e Ventura quando trabalhava como dançarino exótico, em 2012. Testemunhou ter recebido uma ligação de Cassie, sob um nome diferente, querendo contratar seus serviços.
Quando Hayes chegou ao local, Cassie disse que “ela e (seu) marido gostavam de criar uma cena sexy”, que incluía a aplicação de óleo de bebê e que seu marido ficaria assistindo à interação.
O profissional do sexo contou que, durante o encontro, o marido deu “instruções sutis”. Pelo trabalho, ele recebeu US$ 800 e, posteriormente, mais US$ 1.200. Mas até então, Hayes não sabia que se tratava de Combs.
Foram um total de 8 a 12 interações com o casal. Certa vez, Hayes se encontrou com os dois em um hotel, onde havia uma TV dando boas-vidas ao “Sr. Sean Combs”. Só então, ele se deu conta que o marido de Cassie era Combs.
Hayes afirmou que não percebeu nenhum sinal de desconforto por parte de Cassie Ventura, e reiterou que sempre observa o ambiente para verificar o conforto do público. Nunca percebeu filmagens ou violência durante os encontros com o casal.

A testemunha assegurou que nunca fez uso de drogas com eles, apesar de terem lhe oferecido álcool e maconha. Mas nunca presenciou o uso de drogas por Diddy ou nunca o percebeu embriagado.
Hayes confirmou que ingeriu remédios para auxiliar em sua performance sexual e citou o desconforto de uma “cena sexual com a parceira de uma mulher presente”.
Sharay disse que a última sessão com o casal ocorreu em 2016. Depois disso, nunca mais foi contratado novamente. Cassie o pagou e demonstrou gratidão pela discrição do profissional.
Gannon
Gerard Gannon, um agente especial da Homeland Security Investigations, prestou um depoimento que deve ter sido retomado nesta quarta-feira (21), às 10 horas no horário de Brasília.
Em seu testemunho, Gannon contou que era o responsável pela busca na residência de Combs em março de 2024, em Miami Beach. Ele foi designado pela sua unidade porque o caso envolvia uma investigação de tráfico de pessoas.
Cerca de 85 policiais participaram da busca dado o tamanho da propriedade do rapper. Por causa disso, foi preciso uma equipe de guardas armados para garantir uma resposta especial para o caso de lidar com medidas de segurança.
Segundo Gannon, durante a busca, a equipe encontrou sapatos de salto alto, brinquedos sexuais, óleo de bebê, lubrificante pessoal e “receptores superior e inferior de AR-15”, que são peças de armas. Todo o material foi encontrado dentro do armário principal de Combs e o júri teve acesso às fotos das evidências.
Scott Mescudi, rapper conhecido como Kid Cudi, deverá prestar seu depoimento até esta quinta-feira (22).