Nesta quarta-feira (30), três ativistas que defendem vítimas de abuso sexual clerical cobraram que o próximo papa coloque essa questão no centro de seu pontificado. Em sua declaração, eles expressaram indignação e apontaram falhas na atuação dos últimos três líderes da Igreja Católica.
Peter Isely, um dos fundadores do grupo de sobreviventes de abusos, afirmou que essa questão precisa ser o foco principal do conclave. Segundo ele, a urgência do tema exige uma abordagem centralizada por parte da Igreja.
Entretanto, é bom lembrar que, por mais de três décadas, a Igreja tem enfrentado escândalos globais envolvendo padres acusados de abuso sexual e o acobertamento desses crimes. Esses episódios abalaram sua reputação e resultaram em acordos financeiros que somam centenas de milhões de dólares.
Francisco reforça ‘tolerância zero’ para abusos na Igreja
Bem como todos sabem, Papa Francisco, que morreu no último dia 21 de abril, teve um pontificado histórico na Igreja Católica. Diante das constantes denúncias de abusos, não foi diferente. Assim, ele convocou uma cúpula histórica em 2019, reunindo líderes religiosos de todo o mundo para discutir a proteção de menores.
Além disso, durante seu pontificado, ele aboliu o segredo pontifício para casos de abuso sexual, permitindo maior colaboração com autoridades civis. Também exigiu que todas as dioceses criassem sistemas acessíveis para denúncias.
Denúncias de abuso desafiaram papas antes de Francisco
Ainda em 2022, um relatório acusou Bento XVI de não ter tomado medidas contra denúncias de abuso sexual durante seu período como arcebispo de Munique, entre 1977 e 1982. O ex-papa, que renunciou ao cargo em 2013, reconheceu erros e pediu perdão antes de falecer no final de dezembro daquele ano.
Além disso, Bento, Francisco e João Paulo II foram criticados pela forma como lidaram com as acusações contra um ex-cardeal dos EUA, acusado de abusar de menores e adultos. McCarrick renunciou ao Colégio dos Cardeais em 2018 e, no ano seguinte, foi expulso do sacerdócio pelo Vaticano.
Denúncias de abusos sexuais é centro do conclave
Ainda na segunda-feira (28), a questão do abuso sexual foi um dos principais temas abordados pelos cardeais durante o preparatório para o conclave. Essas reuniões, que antecedem a escolha do novo líder da Igreja Católica, traçam um plano para enfrentar os escândalos que abalaram a instituição nas últimas décadas.
O conclave, evento secreto em que os cardeais se reúnem para eleger o próximo papa, está programado para começar no dia 7 de maio, no Vaticano.