O governo dos Estados Unidos está se preparando para receber um grupo de agricultores sul-africanos de origem europeia, conhecidos como Afrikaners. A informação foi divulgada pelo The New York Times, que afirma ter tido acesso a um documento oficial do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS). Segundo o jornal, o grupo deve desembarcar já na próxima semana e uma cerimônia está sendo organizada no Aeroporto Internacional de Washington Dulles, na Virgínia, para marcar a chegada.
O presidente Donald Trump assinou em fevereiro uma ordem executiva autorizando a entrada desses fazendeiros no país sob o status de refugiados. Para o governo americano, esses sul-africanos estariam enfrentando perseguições por motivos raciais, o que justificaria o acolhimento.
Presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca, em 5 de maio de 2025 (Foto: Reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)
Na época da assinatura, Trump comentou que a África do Sul estaria tomando terras de algumas pessoas e tratando certos grupos de forma injusta, embora ele não tenha apresentado provas para sustentar essas declarações. O empresário Elon Musk, que nasceu na África do Sul e é próximo ao presidente, também comentou o assunto, dizendo que os brancos no país estariam sendo prejudicados por leis racistas sobre propriedade de terra.
Reação da África do Sul
A medida, no entanto, não passou despercebida pelas autoridades sul-africanas. O Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que a decisão do governo americano ignora o histórico complexo da África do Sul e desconsidera décadas de injustiças durante o período colonial e o apartheid.
Distribuição de terra é tema sensível
A posse de terra continua sendo um tema delicado no país. Durante o apartheid, grande parte das terras foi tirada à força da população negra. Mesmo hoje, a distribuição continua desigual: dados de 2017 apontam que 75% das terras agrícolas estão nas mãos de brancos, que são apenas 8% da população. Os negros, que representam cerca de 80% dos sul-africanos, detêm apenas 4% das terras.
A iniciativa dos EUA levanta debates sobre imigração, relações internacionais e o papel de políticas raciais nos dois países.