Trump aplica tarifa de 50% ao Brasil, mas poupa petróleo e aviões

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que eleva para 50% a tarifa de importação sobre produtos brasileiros. A medida, que marca um novo endurecimento nas relações comerciais entre os dois países, entrará em vigor no próximo dia 6 de agosto.

Apesar do impacto econômico, o documento oficial inclui uma extensa lista de exceções. Mais de 700 categorias permanecerão isentas da nova cobrança, entre elas itens considerados estratégicos para a economia americana, como petróleo bruto, gás natural, suco de laranja, fertilizantes, papel e aeronaves civis.

Exportações industriais escapam da taxação

O decreto detalha os segmentos preservados, incluindo mineração, energia, metalurgia, aviação, papel e produtos químicos. Essas isenções evitam impactos diretos em cadeias produtivas com forte integração entre os dois países, especialmente em áreas industriais e tecnológicas.

Ficam de fora da tarifa de 50% itens como:

  • Polpa e suco de laranja
  • Minério de ferro e de estanho
  • Carvão, turfa, coque e outros derivados minerais
  • Gases industriais como propano, butano e etileno
  • Matérias-primas de alumínio, silício, óxido de alumínio e potassa cáustica
  • Fertilizantes minerais e químicos diversos
  • Resíduos petrolíferos, cera e compostos químicos
  • Madeira, cortiça aglomerada, celulose e polpas vegetais
  • Prata e ouro em lingotes
  • Ferro-gusa, ferronióbio e outras ligas de ferro
  • Linhas, tubos e conexões industriais
  • Artigos de aviação civil: motores, pneus, turbinas e peças
  • Insumos para papel, papelão e derivados industriais
  • Pedras especiais, crocidolita, amianto e misturas industriais

A lista contempla ainda dezenas de insumos essenciais para setores estratégicos, evidenciando o cuidado dos EUA em preservar cadeias produtivas sensíveis e evitar impactos industriais bilaterais.


Vídeo explica quais produtos brasileiros ficaram de fora do tarifaço anunciado por Donald Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Setor agro é o mais atingido

Enquanto os segmentos industriais foram amplamente poupados, alimentos e commodities agrícolas não tiveram o mesmo tratamento. Produtos como carne bovina, frutas tropicais e café seguem sujeitos à alíquota máxima, o que pode afetar especialmente exportadores de pequeno e médio porte.

Na terça-feira (29), o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que o governo estuda zerar tarifas sobre alimentos que não são produzidos internamente, como café, manga, abacaxi e cacau. Ele não especificou quais países seriam beneficiados, e não há confirmação se o Brasil estaria entre eles. A proposta ainda não foi oficializada.

Tensão política reforça medida

A publicação do tarifaço ocorreu no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Magnitsky, uma legislação internacionalmente aplicada para punir autoridades acusadas de graves violações de direitos humanos, corrupção e até mesmo envolvimento com grupos como a Al-Qaeda. Se confirmada, será a primeira vez que a lei atinge um ministro de uma corte suprema de um país democrático, estabelecendo um precedente inédito nas relações Brasil-EUA.

Em nota, a Casa Branca justificou a medida como resposta a “ações recentes do Governo Brasileiro que representam uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”. O texto menciona ainda a perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, relacionada às investigações em curso.