No último fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar polêmica ao sugerir, por meio das redes sociais, uma possível mudança de regime no Irã. A declaração veio um dia após os EUA entrarem oficialmente em um conflito com o Irã, ao bombardearem três instalações nucleares no país, incluindo a central de Fordow, que sofreu danos estruturais significativos.
Publicação de Donald Trump
A fala de Trump foi publicada na rede Truth Social e chamou atenção pelo uso de um novo slogan: “MIGA” — Make Iran Great Again, ou “Tornar o Irã grande novamente”. A expressão remete ao famoso lema de campanha do presidente, “MAGA” — Make America Great Again. Em sua publicação, Trump declarou: “Não é politicamente correto usar o termo ‘mudança de regime’, mas se o atual regime iraniano não é capaz de tornar o Irã grande novamente, por que não haveria uma mudança de regime??? MIGA!!!”.
Apesar do tom provocativo do presidente, autoridades do governo norte-americano tentaram amenizar o impacto da declaração. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, afirmou que os ataques realizados no sábado (21) não tinham como objetivo derrubar o governo iraniano, mas sim impedir o avanço do país no desenvolvimento de armas nucleares. “Esta missão não era e não tem sido sobre mudança de regime”, garantiu Hegseth em coletiva no Pentágono neste domingo (22).
O conflito é intensificado
A tensão entre Irã e Israel havia se intensificado desde o dia 13, quando militares israelenses lançaram uma ofensiva contra instalações nucleares iranianas. O Irã respondeu com ataques, e os EUA, aliados históricos de Israel, decidiram intervir diretamente. Trump já vinha sinalizando esse possível envolvimento, tendo declarado no último dia 17 que os EUA “já tinham o controle do céu do Irã”, indicando uma aliança estratégica com o governo israelense. Em outra declaração polêmica, mencionou saber o paradeiro do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, e ameaçou agir contra ele caso a situação se agravasse.

Desde fevereiro, Trump retomou a política de “pressão máxima” contra o Irã, com o objetivo de forçar a retomada de negociações sobre o programa nuclear do país. Segundo analistas, a entrada dos EUA no conflito pode ampliar ainda mais as vulnerabilidades internas do regime iraniano. Para a doutora em Direito Internacional Priscila Caneparo, apenas os EUA têm poder militar suficiente para interromper o programa nuclear iraniano — algo que nem Israel conseguiria fazer sozinho.