Neste sábado (24) ocorrerá o aniversário de dois anos da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, e às vésperas, o conflito parece prestes a se intensificar. Em entrevista, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirma que uma nova contraofensiva está sendo preparada para cumprir os objetivos não alcançados em outras missões.
“É claro que prepararemos uma nova contraofensiva, uma nova operação”, disse Zelensky em comentário publicado na quinta-feira (22). Ele ainda adicionou que o campo de batalha ao Leste “não é um impasse”, mas que a situação é simplesmente “muito complicada“, e que, até o momento, o “único sucesso” de Putin nos últimos nove meses foi a tomada da cidade de Avdiivka.
Atualmente, a Rússia detém 18% do território ucraniano, e tem planos de continuar a investida militar ao menos até chegar em Luhansk e Donetsk, que é seu objetivo declarado. No entanto, múltiplos especialistas políticos duvidam que o líder russo se limite na expansão territorial caso chegue a esse ponto.
Guerra injusta
Para justificar o caminho que o conflito tem seguido, Zelensky apontou a diferença no armamento das duas forças armadas. Segundo o presidente ucraniano, boa parte da sua desvantagem na guerra é explicada pelo fato de que a artilharia russa tem um alcance de cerca de 40 quilômetros, enquanto que a artilharia ucraniana só possui metade desse alcance. A Rússia pode atacar sem ser arriscar suas tropas.
“É uma espécie de guerra injusta,” argumentou Zelensky. Por isso, a Ucrânia reforça a necessidade que o país tem de armas de longo alcance, que vem requisitando de seus aliados há meses. Porém, o suporte americano ainda está travado em debates no Congresso no momento, por conta de disputas partidárias e mudança de foco com a aproximação das eleições estadunidenses de 2024.
Aliados e inimigos
Com o passar da guerra, a fronteira do conflito sofreu várias alterações por questões geopolíticas. Os produtos da agricultura ucraniana causaram crises de concorrência em algumas partes da Europa, levando países como a Polônia, antes um forte aliado, a se distanciar e retrair o apoio antes dado.
Em contrapartida, embora os Estados Unidos estejam com dificuldades para oferecer maior suporte, o país ainda está se posicionando firmemente contra a Rússia. Nesta sexta (23), o presidente Joe Biden invocou mais 500 sanções econômicas para forçar o líder russo Vladimir Putin a pagar um preço “ainda mais alto” por suas ações recentes.
O conflito iniciado em 2022, longe de representar apenas os interesses de um país invadido, leva em conta que a Ucrânia é uma das poucas barreiras entre a Rússia e o resto da Europa no Ocidente. E ao que tudo indica, embora as forças ucranianas já estejam fatigadas, a guerra ainda deve continuar.