Jornais estrangeiros divulgaram amplamente o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente responde ação penal pela tentativa de golpe. As publicações ocorreram nesta terça-feira (11).
A mídia internacional destacou que este foi o primeiro julgamento de um chefe de governo do Brasil acusado de tramar um golpe de Estado.
Mídias europeias
O The Guardian escreveu em seu site: “Bolsonaro nega plano de golpe, mas admite discutir ‘caminhos alternativos’ para permanecer presidente”. O jornal britânico ainda citou o pedido de desculpas de Jair Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes.
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Havia alguma expectativa em relação ao confronto com o juiz principal do caso, o ministro Alexandre de Moraes — ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a quem Bolsonaro já chamou de ‘idiota’ e ‘canalha’. Mas Bolsonaro pediu desculpas a Moraes e a outros dois ministros por terem afirmado em uma reunião, cuja gravação foi apresentada como prova, que teriam recebido entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões cada um para fraudar a eleição”, escreveu a matéria do jornal.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty Images Embed)
A BBC destacou que o ex-presidente negou seu envolvimento na tentativa de golpe. A publicação britânica citou o momento em que Bolsonaro diz que a tentativa de golpe era uma “coisa abominável” e que “nunca houve a menor possibilidade” em seu governo.
O El País publicou que Bolsonaro se tornou réu por liderar trama golpista contra Lula. O jornal espanhol escreveu “O ex-presidente insiste, quando questionado pelo juiz Moraes, que não há levante ‘sem líder, Forças Armadas ou apoio’.”
O Le Figaro falou sobre o depoimento do ex-presidente. “O ex-líder nacional enfrenta ameaça de uma longa pena de prisão após ser acusado de participar de uma suposta conspiração para permanecer no poder”, disse a publicação.
Mídia americana
O La Nación, jornal argentino, apontou que Bolsonaro “negou que tenha havido um plano de ruptura democrática para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva assumisse o cargo após a vitória eleitoral de 2022, embora tenha admitido ter mantido conversas com altos funcionários das Forças Armadas para analisar medidas legais contra o resultado da disputa”.
O veículo ainda escreveu que o ex-presidente é “conhecido por expressar nostalgia pela ditadura” e “desafiou abertamente o sistema judiciário brasileiro durante seu mandato”.
Diante do juiz Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro reconheceu que discutiu alternativas ‘dentro da Constituição’ com comandantes militares, sem especificar que tipo de ações estavam sendo cogitadas”, pontuou.
A rádio pública estadunidense, NPR, avaliou a ação penal no STF como “histórica” e destacou o fato de que pela primeira vez na história do Brasil, um ex-líder de Estado passa por julgamento por tentativa de derrubar um governo.