Beleza

A gestão do lixo ainda é um desafio para a indústria da beleza

01 Dez 2022 - 15h55 | Atulizado em 01 Dez 2022 - 15h55
A gestão do lixo ainda é um desafio para a indústria da beleza

A rotina simples de higiene e beleza envolve, ao menos, seis produtos, entre eles escova e pasta de dentes, sabonete facial, sabonete corporal, creme hidratante, shampoo, condicionador, protetor solar… A maioria destes são feitos ou embalados pelo plástico. Muitas pessoas acreditam que o final do produto é o lixo do banheiro. Quando são descartadas, eles param nos aterros sanitários ou nos rios e oceanos, e vão desequilibrando todo o ecossistema. Isso vem acontecendo por décadas e provavelmente continuará acontecendo, até que as empresas tomem uma medida para diminuir os produtos feitos de plásticos.

 

No Brasil, mais de 80 milhões de toneladas de lixo são produzidas por ano, e menos de 3% são recicladas de forma correta, esses dados são de acordo com o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) e a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Logo, as pesquisas e as ideias para a redução da produção de lixo e novas formas de minimizar o impacto da indústria da beleza no meio ambiente são consideradas urgentes.

De acordo com o Atlas do Plástico, o Brasil  é o quarto maior mercado de cosméticos e o quarto maior produtor de lixo plástico, e parte deste contingente inclui os produtos e recipientes de skincare.

Com a conscientização em relação ao plástico, muitas pessoas começaram a procurar produtos mais veganos e sustentáveis. Que é o caso da piloto de avião Camila Villegas, que teve sua virada de chave no que se trata da relação com os rótulos, que veio quando em 2019, teve crises de acne depois de ter parado com o anticoncepcional hormonal. Isso foi o start dela para adotar esse estilo de skin care.

“O impacto que os cosméticos têm na nossa pele e no meio ambiente é enorme, porque usamos vários tipos de produtos todos os dias e a sociedade não dá relevância necessária para o assunto”, explica Camila. Suas experiências são compartilhadas em seu Instagram @skincarecomplantas, onde soma quase 100 mil seguidores.



A Anvisa divulgou que no ano de 2020, 3.130 empresas de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria foram registradas no país, sendo que 205 são novas indústrias. Estes números representam um crescimento em relação ao ano anterior. De acordo com a Mintel, em 2021, aproximadamente 7.368 produtos foram lançados na categoria de cuidados pessoais.

No Brasil, a lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos determina que no mínimo 22% das embalagens comercializadas passem pela logística reversa, no mesmo momento que a Anvisa exige a embalagem secundária (cartucho e caixa) de produtos vendidos em pontos físicos.

Mesmo com tantas dificuldades, o compromisso coletivo, que vai das labels independentes às gigantes do setor, vem se renovando. Camila fala: “tenho visto novas marcas surgirem e, em paralelo, as grandes corporações também criam linhas com pegada sustentável ou compram outras empresas com o mesmo DNA. Além disso, a tecnologia avança para proteger a natureza a partir da criação de ingredientes semelhantes aos encontrados no meio ambiente, só que sem a exploração. Se todo mundo fosse usar óleo essencial de lavanda, por exemplo, não ir ter lavanda suficiente no mundo para atender a demanda, o que desencadearia um desequilíbrio ambiental. A indústria tem encontrado maneiras de melhorar a performance e fazer mais reduções necessárias”.

Separamos um pequeno glossário do vocabulário sustentável que habita os rótulos de beleza.

Upcycling: que é o aproveitamento dos subprodutos das matérias-primas, antes descartados, em novas fórmulas ou embalagens.

Pegada de carbono: que é a quantidade total de gases de efeito estufa que são gerados pela produção, uso e descarte de produtos ou serviços.

EuReciclo: é um selo pago, que certifica e garante a logística reversa de ao menos 22% das embalagens, podendo chegar a 100% ou 200%.

 

Foto destaque: O que fazer com o lixo ainda é um desafio para a indústria da beleza. Reprodução/Getty Images