Estudos realizados no Reino Unido, na Universidade de Bristol, beneficiaram dois voluntários com transfusões de sangue criado em laboratório. Os estudos buscam criar a substância de maneira artificial para ajudar no tratamento de doenças altamente dependentes de transfusões, e também para diminuir a espera de doadores com tipo sanguíneo raro.
Em uma reportagem, a BBC Brasil detalhou como ocorre a transfusão. O teste começa com uma doação normal de cerca de 470 ml de sangue. Então, esferas magnéticas são usadas para "pescar" células-tronco flexíveis que são capazes de se tornar um glóbulo vermelho. Essas células-tronco são incentivadas a crescer em grande número nos laboratórios. Depois, elas são direcionadas a se tornar glóbulos vermelhos.
O processo leva cerca de três semanas e uma reserva inicial de cerca de meio milhão de células-tronco resultam em 50 bilhões de glóbulos vermelhos. Após, são filtrados para se obter cerca de 15 bilhões de glóbulos vermelhos que estão no estágio certo de desenvolvimento para transplante.
"Queremos produzir o máximo de sangue possível no futuro, então vejo na minha cabeça uma sala cheia de máquinas produzindo continuamente a partir de uma doação de sangue normal", conta Ashley Toye, professora da Universidade de Bristol.
Se os estudos obtiverem êxito, além de ajudar no tratamento de doenças, como a anemia falciforme e cânceres avançados, esse tipo de sangue pode ser mais duradouro no corpo. Isso se dá pois o sangue normal tem em torno de 120 dias de duração no organismo humano antes de precisar de novas reposições. Pois as doações típicas contam com sangue velho e novo. Já as transfusões de laboratório, por serem produzidas na hora, contaram apenas com sangue novo, aumentando sua durabilidade no corpo humano.
Mas existem, no momento, empecilhos financeiros e tecnológicos. Somente a doação gera um custo de 130 libras (aproximadamente R$ 750). O cultivo do sangue deverá custar muito mais. Outro ponto é o fato das células troncos acabam se exaurindo, diminuindo a quantidade de matéria prima necessária para o produção.
Foto Destaque: Glóbuos vermelhos, componente do sangue que está sendo criado em laboratório. Reprodução/Unsplash