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Conheça a história de Hachiko, o cão que esperou pelo seu dono por quase uma década

04 Jul 2023 - 18h28 | Atulizado em 04 Jul 2023 - 18h28
Conheça a história de Hachiko, o cão que esperou pelo seu dono por quase uma década

10 de novembro de 1923 foi o dia do nascimento de Hachiko. Conhecido como “o cão mais fiel do mundo”, Hachiko era um Akita japonês que ficou conhecido por esperar seu dono por um período de quase 10 anos. A história ganhou fama após ser divulgada em um artigo de um jornal japonês, em 1932.

Um filme chinês foi lançado em 31 de março de 2023, conhecido apenas como “Hachiko”, e é a terceira adaptação da história para os cinemas. A sua primeira foi em 1987, em “A História de Hachiko”, filme que foi lançado só no Japão. Já o segundo filme foi lançado em 2009, com o nome de “Sempre ao Seu Lado”.


Pôster do filme Hachiko (Foto: Reprodução/IMDB)


Além das adaptações para os cinemas, o Akita foi inspiração para diversas obras em outras mídias. Uma das versões mais conhecidas pelo público ocidental é o episódio “De Volta ao Passado”, da animação “Futurama”.

Hachiko se tornou um símbolo de lealdade no Japão, e seu nome muitas vezes foi usado como sinônimo dessa virtude. O cão chegou a receber uma estátua de bronze em sua homenagem, localizada na estação de Shibuya, em Tóquio.

 

A história de Hachiko

Os Akita são uma das raças mais antigas do Japão, e são conhecidos pelo seu grande porte. Eles figuram como ícone nacional desde 1931, e eram treinados para caçar animais.

Segundo Eietsu Sakuraba, autor de “Hachi”, um livro de 2021 sobre Hachiko, os Akita são calmos, sinceros, inteligentes, corajosos e obedientes aos seus donos, mas também afirma que eles tem “uma personalidade teimosa e desconfiam de qualquer pessoa que não seja seu dono".

A história de Hachiko começou em janeiro de 1924, poucos meses após o seu nascimento. O cachorro nasceu em Odate, na província de Akita, que dá nome a sua raça.

Hachiko foi adotado por Hidesaburo Ueno, um professor de agricultura, após um aluno de Ueno encontrar o filhote. Logo após a sua chegada, o professor e sua esposa, Yae, cuidaram do cãozinho, que parecia morto, mas se recuperou após um período de seis meses. Essa informação foi divulgada pela biógrafa Mayumi Itoh.

O nome dele veio da fusão de Hachi, “oito” em japonês, e o sufixo “Ko”, que era um título utilizado para duques chineses. Então, seu nome seria algo como “Lorde Oito”.

Ueno faleceu em 21 de maio de 1925, aos 53 anos, devido a uma hemorragia cerebral. Antes de sua morte, o professor costumava levar seus três cachorros à estação de trem em Shibuya, antes de sair para trabalhar, e o trio esperava por ele.

Itoh relatou que durante o velório de Ueno, Hachiko se escondeu debaixo do caixão, onde ficou parado por alguns momentos. Logo depois, o cachorro ficou com diferentes famílias, antes de ficar com Kikisaburo Kobayashi, jardineiro de seu antigo dono, no verão de 1925.

O Akita criou o costume de ir até a estação todos os dias, sem falta, para esperar pelo seu dono. "À noite, Hachi ficava parado na catraca e olhava para cada passageiro como se estivesse procurando alguém", contou a biógrafa. Ele ficou famoso no país em outubro de 1932, após a sua história ser divulgada pelo jornal japonês Tokyo Asahi Shimbun.

Após a publicação do artigo, a estação virou ponto turístico, e diversas pessoas vinham visitar Hachiko, trazendo alimentos para ele. O cão se tornou fonte de inspiração para poemas e haikus (um gênero de poesia curta que é tradicional no país).

A sua popularidade levou a uma campanha de arrecadação de fundos, que chamou a atenção de 3 mil pessoas. Em 1934, uma estátua foi feita em sua homenagem, antes de ser reciclada para a produção de material bélico, durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1948, uma segunda estátua foi feita, em uma campanha que arrecadou 800 mil ienes, equivalente a 4 bilhões de ienes na cotação atual (cerca de R$ 134 milhões).

Hachiko acabou falecendo em 8 de março de 1935, aos 11 anos. Depois de um período de nove anos e dez meses esperando pelo seu dono, o Akita foi matéria de capa em diversos jornais. O seu funeral contou com orações de monges budistas e discursos em sua homenagem, além de visitas a sua estátua nos dias seguintes.


A estátua de Hachiko (Foto: Reprodução/Instagram/@japoneamigos)


O legado de Hachiko

Décadas após o seu falecimento, Hachiko ainda é lembrado com carinho pelo povo japonês. A sua história é contada nas escolas como um exemplo de fidelidade.

Em entrevista para a BBC, a professora Christine Yano, da Universidade do Havaí, afirmou que o Akito é o “cidadão japonês ideal” pela sua “devoção inquestionável”. Yano ainda completa dizendo que a história é atemporal, pois não possui detalhes exclusivos de alguma época.

Além da sua estátua, o cão recebe homenagens no dia 8 de abril, no lado de fora da estação de Shibuya. Durante o resto do ano, visitantes deixam cachecóis, gorros de natal e outros itens junto à estátua, além de máscaras cirúrgicas, graças à recente pandemia da Covid-19.

Visitantes interessados em conhecer mais sobre essa história podem encontrar o corpo empalhado de Hachiko no Museu Nacional da Natureza e da Ciência, em Tóquio.

Além da estátua em Shibuya, existem outras localizadas em Odate, na Universidade de Tóquio, em Hisai, que era cidade natal de Ueno, e no estado americano Rhode Island, onde foi filmado o filme de 2009.

Por fim, a cidade de Odate programou diversos eventos para 2023, em comemoração ao centenário do nascimento de Hachiko.

 

Foto destaque: Estátua de Hachiko. Reprodução/Nick115/Pixabay