Moda

Entenda como é a Gucci sem Alessandro Michele

14 Jan 2023 - 19h05 | Atulizado em 14 Jan 2023 - 19h05
Entenda como é a Gucci sem Alessandro Michele

Nesta quinta-feira (12), Martine Rose, estilista independente, meio contra aos holofotes - e ainda assim das mais influentes - desfilou como convidada especial na feira Pitti Uomo, em Florença (ela é britânica). E na sexta-feira (13), a Gucci, uma das gigantes do luxo, apresentou a primeira coleção sem a assinatura do ex-diretor de criação Alessandro Michele.

E com a coleção, como é a Gucci sem Michele? Ainda possui um gostinho vintage, mas sem tanta excentricidade. Os arquivos da marca são o principal ponto de partidas, com muitas interpretações de produtos dos anos 1970, 1980 e principalmente da fase de Tom Ford, entre o fim da década de 1990 e começo dos anos 2000.

É uma Gucci mais genérica, no sentido de possuir menos identidade para permitir uma maior e mais ampla assimilação de quem consome (ou pode vir a consumir). Em termos práticos, isso significa peças sem tantas estampas, com cortes clássicos, cores neutras e tudo que promete aumentar a vida útil da roupa sem cansar ou limitar seu dono. Afinal, as pesquisas de mercado falam que nos dias de hoje é isso que vende mais.

O desfile começou dando sinais da limpeza estética que veríamos a seguir. A primeira roupa começou com uma combinação de calça bege, camiseta branca mais sequinha, uma bolsa marrom de alça longa e gorro preto. Em continuidade às propostas das coleções passadas, a alfaiataria segue no centro das atenções, porém elas foram modificadas, estas são mais amplas, lânguida e com algumas peças multifuncionais, tipo blazer com mangas descartáveis que se torna um colete, calça que se transforma em bermuda.



Ainda tem jeans com strass, monogramado ou com aplicações de lenços vintages, calças envernizadas, de couro e metalizadas, tricôs listrados, regatas be finas, meio podrinhas, jaquetas de motocicleta coloridas ou em estampas do acervo da marca, com uns macacões de couro meio esquisitas, blusas românticas, algumas camisas transparentes e penca de bolsas. Assim como as roupas, os acessórios são versões modificadas de alguns famosos da Gucci, como a bolsa Jackie e Dionysus, e as pulseiras com o famoso freio de cavalo.

Um novo diretor de criação deve ser anunciado nos próximos meses, e esta coleção foi assinada pela equipe de estilo da casa, o conjunto exemplifica o desejo dos grandes grupos do mundo da moda que já vem em construção desde os anos 1990.

A coleção de inverno 2023 da Gucci não desagrada, muito pelo contrário, está lotado de peças que não devem durar muito tempo nas lojas. O que incomoda os adeptos da moda é a falta de criatividade.

No dia anterior, na cidade de Florença, Martine Rose mostrou que as roupas usuais têm grande potencial e valor criativo. Em uma entrevista coletiva antes do desfile, ela afirmou que se interessa pelo lado comum e cotidiano da moda. Quem acompanha o seu trabalho há mais tempo, sabe que a britânica foi uma das primeiras a lançar um olhar quase antropológico para as peças banais do dia a dia e muda-las, sem que perdessem suas características originais, para um universo todo seu e comunitário ao mesmo tempo.

Foto destaque: Desfile da Gucci. Reprodução/Instagram