Dayana Molina, tem 33 anos e pertence a dois povos indígenas: Fulni-ô que fica no nordeste do Brasil, e aos Aymara no Peru. A ativista carrega consigo muita historia de luta e superação. Ela se definindo como uma estilista transformadora, responsável por criar o movimento na redes sociais “descoloniza a moda”.
“Precisamos naturalizar a presença e protagonismo indígena em todos os espaços criativos. Também devemos considerar que o Brasil é território originário e não nos sentimos representados. É um desrespeito. Se representatividade importa para todos, porque para nós seria diferente?” questiona a estilista.
Estilista Day Molina e Zaya usando Nalimo. (Foto: Felipe Vianna)
Nalimo é o nome da marca minimalista criada por Dayana à cinco anos. A marca faz parte da Casa de Criadores – fundado em 1997, se dedica a moda autoral brasileira. Todas as etapas de produção das peças Nalimo são feitas por mulheres e são vendidas através do e-commerce.
A estilista sempre sentiu admiração nas histórias contadas por sua bisavó, que fez da costura sua fonte de renda na criação dos filhos enquanto morava no nordeste do estado de Pernambuco.
Em meio às dificuldades para se tornar estilista, adiou o sonho e foi estudar ciências sócias, com 18 anos encontrou seu caminho enquanto estagiava para se manter na faculdade. O lugar, um ateliê de figurino. “Me apaixonei pelo universo criativo, abandonei a faculdade e fui morar na Argentina. Lá, fiz cursos na área, estagiei com o fotógrafo Aldo Bressi e depois mergulhei de cabeça na moda. Já se passaram 14 anos. E eu sigo apaixonada.”
Vídeo reprodução/instagram @OficialNalimo
Com a sua arte ela quer revelar ao mundo características do seu povo, nas vestimentas feitas a mão, nas pinturas corporais feitas com jenipapo e urucum, na beleza dos acessórios e nos grafismos que representam um povo.
Day afirma que a hashtag descoloniza a moda surgiu de seus questionamentos, onde ela entendeu que sua visibilidade poderia dar tornar outras indignas visíveis. “E também a importância de nos organizarmos coletivamente e redesenharmos um futuro mais bonito, sustentável e real na moda”, afirma.
Todo o movimento surgiu pelo fato da estilista não se ver representada e não enxergar na moda sua história e seus traços. “Vivemos em um continente latino que ainda pauta padrões de beleza em refêrencias europeias. Precisamos olhar mais para a nossa própria cultura e identidade.”
Zaya usando Nalimo peças de representam os povos indígenas. (Foto: Felipe Vianna)
“Os povos indígenas são os maiores guardiões da natureza . E trabalhar diretamente com a população originária significa fortalecer e fomentar a cadeia de preservação de ponta a ponta. Esse interesse genuíno impacta positivamente gente, água, floresta, animais e territórios.”
Foto destaque reprodução/instagram @Molina.ela