Diversas vezes pioneira em vários acontecimentos do jornalismo brasileiro e abrindo caminhos para outras mulheres negras, Glória Maria faleceu nesta quinta-feira (02) no Rio de Janeiro.
Entre suas primeiras vezes, Glória foi a primeira repórter a aparecer na TV, quando na época os repórteres não apareciam na tela. A jornalista também foi a primeira mulher a entrar ao vivo em uma transmissão em cores no Jornal Nacional em 1977 e também foi quem realizou a primeira transmissão em HD na história da TV brasileira.
Glória foi inspiração para uma gama de mulheres, principalmente as negras tanto dentro quanto fora do jornalismo.
"Difícil encontrar palavras pra me despedir…mas me brotam palavras pra dizer o que Glória representa: poder, inteligência, caráter, personalidade, identidade, possibilidades, viagens, vigor, bom humor, gargalhadas, dança, musica, champanhe, passaporte, mundo! É isso, Glória mudou meu mundo, mudou o nosso mundo! E todos os passos dados por ela são seguidos por mim e por todas nós. Obrigada, Glória, muito obrigada! Te amo, minha amiga.", disse Taís Araújo pelo instagram.
Jornalista Glória Maria. (Foto: Reprodução/ Instagram).
"eu sempre fico imaginando o que acontece quando a gente vai embora desse mundo. o que tem do lado de lá, quem a gente vai encontrar… fiz muito isso quando foi a vez do meu pai. e desde então, eu gosto de pensar que ele tá lá recebendo todo mundo que chega com aquele sorriso que era só dele e tinha o poder de melhorar qualquer dia. hoje foi a vez de uma das maiores referências da minha carreira, uma mulher que inspirou e abriu espaço pra tantas outras, e que marcou a nossa profissão como poucas pessoas fizeram e vão fazer. muito triste pra gente que fica aqui, mas gosto de imaginar que ela chegou lá nesse outro lugar pra deixar tudo ainda mais bonito e iluminado. e meu pai provavelmente já deve ter tietado e falado que a filha dele era fã.
obrigada pelo legado que vc deixa, Glória Maria. vc e sua história vivem pra sempre dentro de cada um de nós, jornalistas que tiveram a sorte de dividir a profissão com vc. obrigada",homenageou a jornalista Mari Palma.
Homenagem da jornalista Mari palma. (Foto: Reprodução/ instagram)
"Estávamos no início dos anos 70, o período da ditadura do presidente Médici. Glória era atrevida, teve vários problemas com os militares. Enfrentou dificuldades por ser mulher, por ser negra e por ter vindo de uma família pobre. Mas com muito trabalho, mostrou muita dignidade e conseguiu respeito, sua história sempre foi de superação. Foi desbravadora. Foi a primeira mulher e primeira negra a apresentar um jornal na televisão brasileira. Desde sempre derrubando gigantes! Ela, devota de Iemanjá, partiu no dia que é comemorado o dia da Rainha do Mar. Descanse em paz amada @gloriamariareal #ripgloriamaria", declarou Zezé Mota.
Postagtem da atriz e cantora Zezé Mota. (Foto: Reprodução/ Instagram).
A jornalista sempre enfatizou a importância de sua luta contra o racismo, com o qual sofreu diversas vezes tentando realizar seu trabalho.
"Racismo é algo que vivi desde sempre e a gente vai aprendendo a se defender", relatou em entrevista ao Globo Repórter, em 2020.
Glória também foi pioneira em utilizar a Lei Afonso Arinos, que não punia o racismo como crime, mas como contravenção.
"Eu fui barrada em um hotel por um gerente que disse que negro não podia entrar, chamei a polícia, e levei esse gerente do hotel aos tribunais. Ele foi expulso do Brasil, mas ele se livrou da acusação pagando uma multa ridícula. Porque o racismo, para muita gente, não vale nada, né? Só para quem sofre", relatou.
Foto destaque: Glória Maria durante juventude. Foto: Reprodução/ CNN.