Os looks são compostos por cores significativas, os primeiros modelos entram vestidos de azul e amarelo (tons da bandeira ucraniana), para homenagear o país atingido pela invasão. As peças brancas remetem a paz e as vermelhas ao sangue derramado.
O desfile notavelmente tem uma imensa aparição de roupas pretas, que remetem ao luto e tristeza diante da situação. Inclusive, o acessório utilizado chamou bastante atenção, pois era uma bolsa de lixo, para retratar os sacos que os ucranianos utilizaram para fazer a fuga, levando apenas o essencial.
Além disso, uma outra forma de homenagear a Ucrânia, foi através do cenário, composto por muito vento e neve artificial, para simular a dificuldade que os ucranianos estão enfrentando ao fugir do país. Demna Gvasalia finaliza: "Esse desfile não necessita de explicações. Ele é dedicado à resistência e à vitória da paz e do amor".
Outra forma de protesto presente na semana da moda foi através da maison Hermès, que comandou o desfile como uma marcha de exército, com looks em cores de uniforme militar. Confira:
(Modelos desfilam na Paris Fashion Week com peças da estilista Nadège Vanhee-Cybulski. Foto/ Sarah Meyssonnier/ Reuters).
No primeiro dia de temporada, a estilista da Hermès, Nadège Vanhee-Cybulski, relatou: "Ninguém sabe exatamente o que fazer. É um momento de choque, o inesperado que ninguém contava poder ser real nos dias de hoje". Então, a diretora criativa demonstrou repúdio pela situação e também influenciou outras marcas participantes da Paris Fashion Week.
A forma como a Hermès protestou foi inspiradora, porque além de utilizar imagens que remetem ao exército, a diretora criativa promoveu um boicote milionário contra a Rússia. A marca parisiense cortou os vínculos, as lojas da Hermès foram retiradas do país bombardeador.
Foi uma das únicas formas de protesto que não recebeu muitas críticas. Então, outras maisons que participaram da Paris Fashion Week foram influenciadas e cortaram os vínculos com a Rússia, retirando suas empresas de roupas de lá. As marcas que removeram suas lojas do país foram: Balenciaga, Chanel, Balmain, Valentin Yudashkin e Dior.
A estilista Maria Grazia Chiuri, da Christian Dior, disse: "Muitos ainda enxergam a moda como um lugar que trata de privilégios". Então, ao invés de usar o estilo clássico que a marca de grife tem, ela utilizou peças em alusão à guerra.
(Coleção outono-inverno da Dior. Foto: Reprodução/Twitter)
As peças voltadas para um estilo futurista também contém proteção, muito apropriadas, quase premonitórias, como forma de protesto à guerra. A marca de luxo francesa introduziu airbags na forma de espartilhos ou coletes. Um vestido cinza evocava a armadura do passado, com ombreiras e tornozeleiras.
Muitas marcas protestaram através das cores também, como a grife Valentino que apostou em um desfile totalmente rosa. A escolha chocou bastante o público que está acostumado com o vermelho clássico que a maison carrega como identidade. Mas como forma de esbanjar paz e esperança de que tudo vai dar certo, a coleção foi feita em rosa pink.
(Valentino apresenta desfile predominantemente cor de rosa na Semana de Moda de Paris. Foto/ Reprodução/Instagram)
Além do protesto e homenagem com as cores, algumas marcas escolheram peças que representassem objetos utilizados nas guerras, como a Balmain. Admire a singularidade dessa peça:
(Coleção da Balmain na Semana de Moda de Paris; desfile aconteceu na quarta (2). Foto/ Vianney Le Caer/ Invision/ AP).
Os espartilhos acolchoados apresentados no desfile da Balmain, são criações que remetem a armaduras, como os coletes à prova de balas, e escudos dourados.
Outra marca de renome que se solidarizou foi:
A marca de grife Louis Vuitton também homenageou a Ucrânia, através das cores da bandeira do país. Em uma de suas criações: uma camiseta extra longa, por cima de uma saia elegante e esvoaçante.
Paris Fashion Week em 2022 ficou marcada por revoluções que afirmam a importância da moda nos parâmetros e influências sociais. Muitas marcas irão doar valores significativos em favor da Ucrânia. Outras utilizaram a música em seus desfiles para demonstrar o desapontamento com a Rússia e o amor pelo país que está sofrendo ataques. O evento ficou recheado de bandeiras ucranianas, como forma de homenagem.
Foto destaque: Balenciaga finaliza desfile com placa "Sem guerra na Ucrânia". Divulgação/Reprodução.