O modelo Direct to Consumer (DTC), com a venda direta ao consumidor, sem distribuidores ou varejistas, cresceu nos últimos anos. Grandes marcas estão no movimento para aumentar suas operações sob esse formato, seja online ou em lojas físicas. A Coca-Cola é uma delas. Durante a pandemia, lançou o e-commerce DTC “Your Coca-Cola” e tem aberto, nos Estados Unidos e na Europa, lojas físicas para proporcionar ao consumidor experiências com produtos personalizados.
Com a popularização das redes sociais, o DTC se tornou um começo comum para pequenas marcas. A facilidade de divulgar os produtos e realizar as vendas pela internet, especialmente pelo Instagram, sem custo extra faz com que essa seja a entrada escolhida por muitos microempreendedores individuais – forma de 58,8% dos negócios ativos no Brasil, segundo o Mapa de Empresas do Ministério da Economia publicado em setembro de 2022.
O uso da plataforma traz diversas possibilidades: a de compartilhar os produtos de forma ilimitada, de compartilhar as histórias por trás do negócio, de criar proximidade com o público, de fazer parceria com outros criadores de conteúdo bem relacionados.
Para Raísa Alencar, o Instagram foi o caminho natural. “Eu aprendi a fazer crochê e postei no meu perfil pessoal. Uma pessoa perguntou se eu vendia, já fez a encomenda e me despertou esse lado empreendedor.” Foi como nasceu a Nós&Linhas, marca que vende objetos de crochê para enxovais de bebê. As encomendas foram crescendo, bem como o número de artesãs que entravam em contato perguntando como fazer determinados modelos. Foi o que lhe despertou a ideia de abrir também um armarinho, para atender a demanda da região.
Raísa inaugurou uma loja física no fim de 2022 em Araruama, Região dos Lagos do Rio de Janeiro, e chama atenção para a importância do aprendizado nesse processo. “Eu tive que estudar bastante porque, quando você começa, se não tiver muito dinheiro para investir, fica complicado pagar um intermediário para fazer suas vendas ou pagar um site, pagar domínio. A lista do ‘pagar’ é muito longa. A dica realmente é investir em conhecimento, começar com um curso gratuito porque vai te abrir portas para chegar ao pago, e em um bom networking, que também te ajuda muito a crescer no Instagram.”
O networking também foi importante para Renata Marilon. Dona da Marilon Ateliê, marca de acessórios feitos a partir de cápsulas de café reutilizadas, ela começou a vender os produtos pelo Instagram em 2019. “Eu mesma busquei conhecer pessoas e divulgar. Hoje também participo de uma loja no Shopping 45, na Tijuca, Rio de Janeiro, e a parceria foi pelo Instagram, onde conheceram meu trabalho e entraram em contato comigo.” Além de exibir as peças, ela usa o Instagram para mostrar como é o processo de tratamento das cápsulas.
Para ela, a parte positiva da venda sem intermediários é controlar e padronizar a qualidade do atendimento. Por outro lado, é difícil atender tantas pessoas quanto se gostaria. “A dica que eu daria para quem está começando é: se organizar e criar o próprio site, porque otimiza muito tempo a pessoa clicar no link e já ir direto para o site. Quando você atende pelo Instagram ou pelo WhatsApp, acaba tomando muito do seu tempo.”
Para Beatriz Almada, que tem com a mãe o Atelier Raquel Almada de produtos aromáticos, o sistema DTC e o uso do Instagram foram impostos pelas circunstâncias. O negócio de sabonetes, velas e difusores surgiu em 2019, quando Raquel estava desempregada. Atualmente, as vendas são feitas pelo site próprio e em feiras de artesanato. “É muito desafiador entrar no mercado de 'cara lavada'. Você tem que provar constantemente a qualidade dos seus produtos e a seriedade da sua marca. Acho que se tivéssemos um ponto de venda físico ou até mesmo revenda para marcas grandes, nossa marca escalaria muito mais e poderia alcançar mais pessoas e um número expressivo de vendas também. Pensamos até na possibilidade de venda por um marketplace, mas as taxas são desanimadoras.”
Apesar desse cenário, elas procuram usar ao máximo o potencial do Instagram, e recomendam: “busque como tirar boas fotos, pesquise sobre sites, como fazer legendas encantadoras, como fazer anúncios pagos... Existe uma infinidade de assuntos que te ajudarão e muito a começar já com o pé na porta.”
Foto Destaque: Publicações do Nós&Linhas. Reprodução/Instagram.