O casal de bíologos, Anah Tereza Jácomo e Leandro Silveira, junto com seu filho Tiago Jácomo Silveira, fundaram o Instituto Onça Pintada, em junho de 2022. O Instituto ilustra, em sua bio do Instagram, a frase ''dedicada a promover a conservação da onça-pintada que é um simbolo da biodiversidade." que promete ser a sua ''causa nobre''.
Com mais de 500 mil seguidores no Instagram do IOP, e mais de 1 milhão na de seu filho Tiago, eles mostram um dia a dia carinhoso e com muitas interações entre os animais, onde fica uma imagem de cuidado e zelo pelo e com os animais. Porém, logo após uma visita de um funcionário do IBAMA, que concluiu a existência de comportamentos inadequados de acordo com a lei - e com a própria ideologia do espaço - o Instituto foi multado em R$450 mil reais. Além dessas alegações, foram confirmadas 72 mortes de animais por suposta negligência.
Tiago ao lado de duas onças-pintadas e um cachorro (Foto: Reprodução/Instituto Onça Pintada/ Arquivo Pessoal)
Domesticação e mau manejo de animais silvestres
Segundo o IBAMA, ao contrário do intuito de um criadouro conservacionista, os animais silvestres estão sendo tratados como animais domésticos. Os donos do Instituto juntam animais de diferentes espécies (presa com predador) e, também, espécies silvestres com espécies domésticas.
''O IOP não possui capacidade técnica e estrutural para manutenção de animais com segurança. Os animais ali mantidos estão sujeitos à ataques de predadores silvestres e de ratos sem que possam fugir ou se defender, pois estão presos. Também são imperitos em aproximar animais de outro de sua espécie sem fazê-lo com cautela e de forma gradual, o que culmina em morte decorrente de espancamento pelos demais. O controle de roedores é realizado de forma inadequada ou negligente, o que possibilita o acesso dos animais do plantel ao veneno e consequente morte por envenenamento”, conclui nota informativa do Ibama.
Mortes ''acidentais''
Segundo o jornal Metrópole, o IBAMA registrou a morte de macacos, onças, tamanduás, lobos, veados e pássaros nos últimos seis anos, que foram criados na sede da instituição em mineiros, sudoeste de Goiás. A família é famosa por “domar” os animais e fazê-los conviver com cães.
O relatório, publicado com exclusividade pelo portal Metrópole, destaca que entre as mortes registradas em 2016, sete animais foram vítimas. Entre eles, um lobo guará e um veado-catingueiro foram mortos após picada de serpente, e duas araras-azul predadas por jaguatirica. Em 2017, 19 animais morreram. Entre 2018 e 2019 foram sete óbitos. O ano de 2020 foi o que mais registrou mortes, contabilizando 35 animais no total. No ano passado foram quatro mortes.
Há também registros de morte por intoxicação. Em 2017, três saguis-de-tufos-pretos morreram após consumirem “acidentalmente” venenos de ratos. Em 2018 foi a vez de um araçari-de-minhoca morrer intoxicado, e em 2019, uma onça-parda.
Duas onças-pintada, animal que dá nome à ONG, também morreram por negligência, segundo o IBAMA. Os felinos vieram a óbito em 2020. A causa da morte é descrita como “insuficiência pancreática exócrina”, cujos sintomas são facilmente visíveis e o tratamento, fácil.
De todos os casos, 52 mortes foram de espécies ameaçadas de extinção e 20 de espécies não ameaçadas. O Ibama não registrou mortes em 2022.
O documentos sobre multas e sanções aplicadas pelo IBAMA foi divulgado em junho deste ano. Ele afirma que o número de mortes ultrapassou o número de nascimentos em três vezes. De acordo com o órgão ambiental, o IOP tem atualmente 109 animais sob custódia. Desde 2016, quando começou a análise, o criador perdeu cerca de 70 % das espécies que ali viviam.
Após o anúncio das multas, Leandro Silveira e Ana Jacomo enviar vídeos nas redes sociais explanando os fatos e se disseram "indignados".
''Quem conhece a gente sabe que isso é extremamente injusto, e pode imaginar o tanto que a gente está indignado. Nós fomos multados por um agente do Ibama que jamais pisou no Instituto Onça-Pintada, que não conhece nossa realidade de trabalho. Quem conhece a gente sabe a dedicação que a gente tem. Trabalhamos diuturnamente para manter esses animais que, inclusive, são encaminhados pelo próprio Ibama e pela Secretaria do Meio Ambiente'' - diz Silveira em suas redes sociais.
Veja o vídeo divulgado em sua rede social:
O Ibama ressaltou ainda que o instituto está proibido de receber animais silvestres e expor indevidamente a vida dos animais na internet. O órgão também alega que o instituto utiliza a internet como via de exposição.
Foto Destaque: Reprodução/Instituto Onça Pintada