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Na Vogue Brasil, Pathy Dejesus e Natasha Soares abordam racismo, gordofobia e carreira na moda

14 Jul 2023 - 16h15 | Atulizado em 14 Jul 2023 - 16h15
Na Vogue Brasil, Pathy Dejesus e Natasha Soares abordam racismo, gordofobia e carreira na moda

Pathy Dejesus e Natasha Soares protagonizaram um diálogo revelador sobre questões como gordofobia, racismo na moda e a carreira de modelo. O encontro entre as duas gerações da moda aconteceu na seção "Diálogos" da Vogue Brasil, proporcionando uma discussão franca e inspiradora.

Pathy Dejesus, que iniciou sua carreira como modelo em 1994 aos 17 anos, é reconhecida como a primeira modelo negra a desfilar na São Paulo Fashion Week, na sua primeira edição em 1995. Sua trajetória foi marcada por grandes conquistas e tornou-se uma referência para sua época. Já Natasha Soares, de 26 anos, surge como uma nova voz na moda. Durante a pandemia, Natasha co-criou o movimento Pretos na Moda e o Projeto Sankofa, que visam reivindicar a representatividade de modelos e criadores pretos no cenário fashion brasileiro. Como resultado desses esforços, um pacto foi firmado com o SPFW, estabelecendo que pelo menos metade dos modelos do evento deveriam ser racializados, além da inclusão de novos criadores pretos.


As modelos participaram da seção "Diálogos" da Vogue Brasil (Reprodução/Instagram/@voguebrasil)


No diálogo, Pathy questiona quais ensinamentos as modelos de sua geração e anteriores trouxeram para que a nova geração, representada por Natasha, pudesse compreender melhor o universo da moda. Natasha responde destacando a importância da abertura de espaços proporcionada pelas modelos anteriores, reconhecendo as dificuldades enfrentadas por elas na época. Ela ressalta que a construção dessa transformação ocorreu ao longo do tempo, como uma pirâmide construída pedrinha por pedrinha.

As modelos também compartilham suas experiências pessoais. Pathy conta que nunca planejou ser modelo, sendo "descoberta" por um booker nas ruas. Ela relata o choque de realidade que enfrentou no início da carreira, devido à falta de noção sobre o universo da moda na época. Por sua vez, Natasha revela ter enfrentado obstáculos semelhantes, iniciando sua trajetória de forma independente e trabalhando em uma loja para pagar seu primeiro book. Ela também compartilha sua inspiração em programas de TV, como o de Tyra Banks, que apresentavam modelos com corpos diversos e despertaram seu fascínio pela profissão.


Natasha Soares desfilando para a CHART (Reprodução/Instagram/@natashasoares__)


A discussão aborda a questão da representatividade e inclusão de corpos diversos na moda. Pathy destaca as dificuldades enfrentadas por mulheres negras no mercado, em que as medidas corporais estabelecidas muitas vezes não condiziam com a realidade dessas modelos. Natasha revela conhecer casos em que modelos fizeram cirurgias para se adequar a esses padrões, ressaltando a falta de inclusão de corpos plus size nas passarelas e nas campanhas das marcas.


Pathy Dejesus desfilando na SPFW 2023 (Reprodução/Instagram/@pathydejesus)


Ao abordar o futuro da moda, as modelos concordam que a transformação requer abrir mão de privilégios. Natasha enfatiza a importância de contratar pessoas pretas para cargos de assistência e garantir uma postura acolhedora para pessoas negras na indústria. Pathy compartilha um exemplo recente em que perdeu uma oportunidade de capa de revista devido à falta de diversidade na equipe de produção.

Foto destaque: Pathy Dejesus e Natasha Soares (Reprodução/Instagram/@pathydejesus/@natashasoares__)