A quarta vítima do ataque a duas escolas de Aracruz, no Espírito Santo, foi enterrada neste domingo (27) em Serra, na Grande Vitória. A professora Flávia Ambos Merçon Leonardo, de 38 anos, era pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e trabalhava na escola estadual Primo Bitti, onde outras duas professoras também foram mortas.
Além de professora de sociologia na escola, Flávia era ativista do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e, em abril, defendeu a tese de doutorado em antropologia na UFMG sobre o desastre ambiental de Mariana. A professora também fazia parte do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (Gesta-UFMG).
Nota de pesar do Gesta-UFMG à professora Flávia Ambos Merçon Leonardo (Foto: Reprodução/Instagram)
As demais três pessoas mortas nos ataques em duas escolas, uma particular e uma pública, foram registradas na sexta (25). A professora estava internada em estado grave, assim como quatro das vítimas que estão hospitalizadas. Entre elas está um menino, de 11 anos, que passou por uma cirurgia e uma adolescente, de 14 anos, que precisou de um procedimento cirúrgico também e está entubada, no Hospital Estadual Nossa Senhora da Glória, em Vitória. Duas mulheres, de 45 e 52 anos, que precisaram ser operadas, foram levadas de helicóptero para o Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neve, em Serra (ES). Uma mulher, de 58 anos, passou por uma cirurgia, no Hospital Estadual de Urgência e Emergência São Lucas, na capital Vitória, e está em estado estável. Os outros feridos foram liberados sem apresentar gravidade após atendimento.
Os ataques:
Registrados na escola estadual Primo Bitti e no colégio Centro Educacional Praia de Coqueiral, que ficam a cerca de um quilometro de distância na mesma avenida, sendo próximas uma da outra, no interior capixaba onde há 104 mil habitantes. O caso começou na escola pública, onde duas pessoas foram mortas e nove foram atingidas por disparos, segundo o secretário da Segurança Pública e da Defesa Social do Espírito Santo, Marcio Celante.
Um ex-aluno de 16 anos, transferido em junho da escola estadual e filho de policial militar, foi apreendido, às 15h30, como suspeito de cometer o troco. Materiais com a suástica, o símbolo nazista, foram recolhidos na casa dele. Segundo o governador Renato Casagrande (PSB), o jovem estudou na Primo Bitti até junho, quando, a pedido da família, foi transferido.
O atirador entrou na escola pública por volta das 9 horas, depois de arrombar um cadeado. O caso ocorreu na sala dos professores, onde as docentes Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, e Maria da Penha Pereira, 48, foram mortas. Depois, ele se deslocou de carro até a escola particular, onde o adolescente assassinou mais três estudantes, sendo uma delas a Selena Sagrillo Zuccolotto, de 12 anos.
O adolescente teria usado duas armas do pai para os ataques, uma pistola semiautomática e um revólver, de acordo com a Polícia Civil. O carro dirigido também era do pai.
O superintendente da regional norte da Polícia Civil do Espírito Santo, João Francisco Filho, explicou que o atacante planejou essa ação durante dois anos, mas não falou qual foi o motivo. “Ele estava em estado de choque, mas tranquilo, e não conseguimos observar se ele mostrava arrependimento”, disse João.
Neste sábado (26), o jogador atacante Richarlison, que fez os dois gols de estreia do Brasil na Copa do Mundo contra a Sérvia, na quinta (24), publicou nas redes sociais uma mensagem se solidarizando com as vítimas. "Minha solidariedade e tristeza pelo que aconteceu ontem no meu estado, em Aracruz. Professoras e uma criança morta. Coisa impossível de acreditar que ainda aconteça. Muita força e carinho pras famílias e amigos", escreveu o esportista, que nasceu a cerca de 180 km de distância da capital Vitória, em Nova Venécia.
Foto destaque: Professora Flavia Ambos Merçon Leonardo, de 38 anos (Foto: Reprodução/Redes Sociais)