A Semana da Alta-Costura de Paris começou hoje (23) e já deu o que falar. O primeiro dos 30 desfiles que ocorrerão até 26 de janeiro foi da grife Schiaparelli. A coleção “Inferno” foi inspirada na obra de Alighieri, e abordou a dualidade entre céu e inferno com modelos extravagantes, com formas definidas e bordados.
Algumas das roupas receberam apliques de espuma, resina e pele falsa no formato de cabeças de animais, como leão e tigre em tamanho real. Os vestidos e o diretor criativo da casa, Daniel Roseberry, foram fortemente criticados nas redes sociais. Muitos espectadores consideraram que, ainda que não houvesse animais feridos para a execução dos modelos, eles eram uma apologia à caça e aos maus-tratos.
No post na conta do Instagram da Schiaparelli, foram vários os comentários em desaprovação. “Nenhum animal foi machucado fisicamente, mas a mensagem passada é bem ambígua”, comentou a modelo Lily Jean Bridger. “Um grande NÃO para mim. Isso não é moda e não é arte. A mensagem aqui é a promoção da violência”, desabafou a cantora pop sérvia Jelena Karleuša. “Da próxima vez, tentem cabeças de bebês, é a mesma coisa. Alguém morto, usado como um objeto. Voltaram 400 anos”, disse a atriz e comediante argentina Señorita Bimbo.
Outro modelito chamou atenção no desfile da Schiaparelli – dessa vez, o de uma convidada. Doja Cat compareceu com um vestido vermelho tomara-que-caia da grife, botas longas vermelhas e mais de 30 mil cristais Swarovski vermelhos aplicados ao corpo.
A Semana da Alta-Costura apresenta as coleções de inverno 2024 das maisons, e é a primeira edição livre de qualquer tipo de restrição desde a pandemia. Os desfiles são transmitidos ao vivo no site da Federação de Alta-Costura.
As marcas com coleções classificadas como Alta-Costura devem seguir rigorosos padrões estabelecidos pela Federação de Alta-Costura. Ter um ateliê em Paris, produzir sob encomenda, ter pelo menos 15 profissionais trabalhando e pelo menos um perfume no catálogo são alguns dos critérios básicos. Além disso, as peças são feitas a mão pelos cerca de 2000 costureiros qualificados para trabalhar no setor. Tudo isso é uma forma de criar um universo íntimo, personalizado e exclusivo. Por essa configuração restrita, essas marcas costumam se sustentar pela venda de cosméticos, perfumes e acessórios para um público maior.
Foto Destaque: Kylie Jenner com o polêmico modelo Schiaparelli. Reprodução: Instagram/@kyliejenner