Renata Rizzi juntamente com a Natália Seibel fundaram a Utopiar em 2017, com o propósito de dar condições para mulheres que sofreram violência doméstica passarem a ter uma chance de reconstruir suas vidas. Renata trabalhava em uma multinacional de moda quando resolveu iniciar o projeto, ajudando outras mulheres. Ela foi vítima de violência aos 17 anos, houve um assalto dentro de sua casa e Renata conta que foi feita de refém e sofreu várias formas de violência, e depois do triste ocorrido ela sofreu de pânico, depressão, ansiedade, e ,por conta disso, ficou vários meses na cama sem conseguir sair para estudar. Depois de passar por tudo isso, ela resolveu que ia tentar enterrar essa horrível lembrança, e, com o apoio de sua família, foi fundamental para que ela superasse as dificuldades e passasse por essa situação. Esse ocorrido foi o que a impulsionou a dar oportunidade para outras mulheres a fazerem o mesmo.
Renata Rizzi e Natália Seibel fundadora da Utopiar (Reprodução/Jornal Brasília)
Renata diz, segundo a Revista Marie Claire: “Veio uma vontade muito grande de ser para essas mulheres o que minha família foi para mim. Hoje, depois de quatro anos da Utopiar, passar pelo que passei trouxe um sentido para minha vida. A Utopiar trouxe uma ressignificação para minha vida”.
Essa ideia de criar uma marca de roupas feitas por mulheres que já sofreram violência veio do incômodo que surgiu quando ela percebeu a falta de lideranças femininas na indústria da moda, o cargo de tomar as decisões era sempre ocupado, como diz à Revista Marie Claire, por homens de terno e gravata. Ela começou uma pesquisa sobre mulheres no mercado de trabalho e viu que a estatística que até o momento ela desconhecia: a violência doméstica.
“Descobri que o Brasil era o 5° país que mais matava mulheres e isso foi assustador. Ficou mais chocante quando descobri que os principais agressores estavam dentro de casa. Isso despertou uma sensação muito ruim e me levou de volta a minha história, de muitos anos atrás”. Disse à Revista Marie Claire. Com a pandemia da Covid-19, a violência doméstica se gravou, graças ao confinamento e a crise financeira. Medo e vergonha de denunciar, são alguns dos problemas enfrentados por mulheres que sofrem abuso.
Assim surgiu o projeto, a ideia era que as peças fossem feitas à mão por mulheres que foram vítimas de violência doméstica, Renata começou a fazer parcerias com ONGs que encaminharam mulheres e, assim, a produção começou. Mulheres de todas as idades passavam por uma oficina de design de superfície para capacitação profissional e, com isso, pudessem além de resgatar o autoestima, gerassem uma renda. Renata e Natália acham que o combate à violência doméstica começa a partir dessas três coisas. São oferecidas as oficinas de block print, tingimento, bordado e outras técnicas artesanais.
Marca Utopiar (Reprodução/Instagram)
Natália explica que as oficinas acontecem em um mês, e são quatro encontros, a Utopiar custeia o transporte dessas mulheres para a sede, que atualmente está localizada em Pacaembu, São Paulo. Ao todo são cerca de 20h de capacitações e no final das oficinas acontece um encontro entre elas, onde elas recebem um certificado.
"Nesses encontros elas vão aprender block print, técnica manual de carimbo e também bordado em pedraria e linha. Ao final, elas podem seguir na equipe de produção e começam a gerar uma renda própria. Vamos combinando e elas produzem de acordo com seu tempo e disponibilidade, se tornando parte do time de produção", conta Natália à Revista Marie Claire.
Renata afirma a Revista Marie Claire que a Utopiar não se inspirou em nenhuma grife específica e que a marca possui seu próprio DNA e que a inspiração são as histórias das próprias mulheres. Cada participante do projeto escolhe o nome de uma flor para se identificar e o produto final leva na etiqueta o nome da flor/mulher que produziu a peça.
Projeto Utopiar apoia mulheres vitimas de violência (Reprodução/Marie Claire)
"Utopiar no mundo é um momento de desfrute, e a gente celebra pequenas conquistas. Não só romper com um ciclo de violência, mas passar a linha na agulha é uma conquista e a gente também comemora. Desfrutamos dessa jornada e contamos histórias que fazem sentido com quem nós queremos ser no mundo”.
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Renata diz a Revista Marie Claire: "Em pouco tempo elas percebem que são capazes e deixam de acreditar que são inúteis, porque fazem elas acreditar que são. Elas fazem coisas lindas, externalizam belezas, conversam entre elas e se apoiam. Se forma uma rede de apoio muito poderosa entre elas".
Foto destaque: Espaço da Utopiar em São Paulo. Reprodução/Instagram