Em novo estudo realizado pela Escola de Enfermagem e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi apresentado resultados referentes a comportamentos nocivos vindos de adolescentes entre 13 e 17 anos. A alta prevalência de tais comportamentos podem aumentar a chance de doenças não transmissíveis.
Sobre estudo
De acordo com o estudo, é exposto uma proporção preocupante onde 8 a cada 10 adolescentes brasileiros têm dois ou mais fatores de riscos para doenças crônicas não transmissíveis, também conhecidas como DCNT. A pesquisa foi publicada na revista científica BMC Pediatrics e teve como base dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), investigação feita pelo Ministério da Saúde juntamente com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Nela, informações de mais de 120 mil jovens entre 13 e 17 anos foram avaliadas.
Em um questionário com cerca de sete perguntas sobre o prevalecimento de fatores de risco para a saúde, a maioria das respostas apontou taxas elevadas até para comportamentos que envolvem práticas proibidas por lei na faixa etária, como por exemplo bebidas alcoólicas e cigarro. No cenário geral, 81,3% dos adolescentes no Brasil exibem dois ou mais hábitos danosos e outros 14,8% apresentavam ao menos um fator nocivo. Apenas 3,9% não demonstraram qualquer hábito prejudicial.
Dos costumes de risco, os mais prevalentes se deram por falta de atividade física citada por 71,5% dos jovens; ingestão irregular de frutas e vegetais citada por 58,4%; sedentarismo por 54,1%; consumo regular de guloseimas por 32,9%; consumo de bebidas alcoólicas citado por 28,1 além de consumo regular de refrigerante por 17,2% e tabagismo por 6,8%.
Os piores índices foram vistos entre adolescentes de 16 e 17 anos e moradores da região Sudeste.
“Essa maior exposição a fatores de risco (nos mais velhos) pode ser atribuída à redução das restrições sociais impostas pelos pais ou responsáveis durante essa fase, o que promove maior independência na tomada de decisões”, contam os pesquisadores em estudo.
Ainda segundo eles, a exposição em determinadas situações, especialmente estressantes, além de pressões sociais vinculadas ao fim da adolescência e a influência de colegas em seu ambiente podem contribuir significativamente para o aumento do predomínio de tais comportamentos. No geral, o cenário visto no Brasil é o mesmo ao redor do mundo. Na Pesquisa Global de Saúde do Estudante que contou com mais de 300 mil adolescentes de 89 países, 82,4% dos jovens entre 11 a 17 anos relataram os mesmos dois ou mais fatores nocivos.
“Há uma necessidade urgente de abordagens dinâmicas e proativas que capacitem os adolescentes a assumir a corresponsabilidade por sua saúde. Ao mesmo tempo, a implementação de políticas intersetoriais é crucial para promover melhores condições de vida e saúde“, declara Alanna Gomes da Silva, pesquisadora da Escola de Enfermagem UFMG e primeira autora do estudo, em comunicado.
As DCNT
As doenças crônicas não transmissíveis, também chamadas de DCNT, são grupos de doenças que se caracterizam por terem múltiplo fatores de risco, curso prolongado e estão seriamente associadas a deficiências e incapacidades funcionais. Elas são consideradas a causa das maiores morbimortalidade do mundo. Algumas delas já são nomes conhecidos como obesidade, diabetes, problemas cardíacos e câncer.
No Brasil, as DCNT respondem por 75% da mortalidade geral, cerca de 1,26 milhões ao ano, e 15% dos óbitos prematuros. Alanna Gomes da Silva, pesquisadora e autora do estudo, relata que tais doenças contribuem para o aumento de desigualdades sociais, incapacidade, hospitalização e redução de qualidade de vida e produtividade. A autora ainda complementa destacando a importância dos costumes dos jovens em seus futuros, pois, segundo ela, os comportamentos adquiridos nesta fase da vida tendem a se acumular e permanecer durante a vida adulta, aumentando riscos.