Muita gente sonha com aquela pele dourada o ano todo, mas será que vale colocar a saúde em risco por isso? Para evitar que mais pessoas fiquem expostas a um perigo silencioso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apertou ainda mais as regras. Agora, além de proibir o uso das câmaras de bronzeamento artificial, está proibida também a fabricação, venda e importação das lâmpadas especiais usadas nesses equipamentos.
A decisão reforça um ponto essencial: essas câmaras não são seguras. Mesmo proibidas no Brasil desde 2009, elas continuam sendo usadas clandestinamente. E a ciência já provou que os riscos são altos demais para ignorar.
O que levou à nova proibição
A medida não veio por acaso. A Anvisa se baseou em estudos de grandes instituições de saúde, como a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde 2009, essas câmaras são classificadas no mesmo grupo de risco do cigarro e do amianto. Em outras palavras, está comprovado: o bronzeamento artificial pode causar câncer.
Mesmo assim, muita gente ainda acredita que esse método é uma forma prática e rápida de ganhar um bronze sem precisar passar horas no sol. Mas a realidade é outra.
Os perigos que ninguém vê
Você entra na câmara de bronzeamento, sente aquele calor, sai com a pele mais escura e pensa: que maravilha. O problema é o que acontece depois. Os efeitos negativos aparecem ao longo do tempo e podem ser graves:
- Maior risco de câncer de pele, principalmente o melanoma, um dos tipos mais agressivos;
- Envelhecimento precoce, com rugas, manchas e flacidez;
- Queimaduras e cicatrizes permanentes;
- Problemas nos olhos, como catarata precoce e inflamações na córnea.
Carlos Barcaui, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, alerta: “Não existe nível seguro para esse tipo de exposição. Qualquer tempo dentro de uma câmara já pode ser prejudicial.”
Um estudo publicado na renomada revista Lancet Oncology revelou que quem usa câmaras de bronzeamento antes dos 35 anos tem um risco 75% maior de desenvolver melanoma. Isso sem contar que uma meta-análise envolvendo 27 estudos e mais de 113 mil participantes mostrou que até mesmo o uso ocasional já aumenta em 20% o risco de câncer de pele.
Apesar da proibição nacional e das evidências científicas, algumas cidades e estados ainda tentam liberar o uso dessas câmaras. Em João Pessoa–PB, por exemplo, uma lei sancionada pelo prefeito Cícero Lucena (PP), permitiu o funcionamento de clínicas de bronzeamento artificial se tiverem alvará sanitário municipal.
A Anvisa reagiu e reforçou que essa permissão desrespeita a legislação federal e coloca a população em risco. “Esse tipo de legislação local desrespeita a norma da Anvisa, a RDC n.º 56/2009. Vamos tomar as medidas legais necessárias para garantir a proteção da saúde pública”, afirmou o órgão.
Bronzeamento seguro
Se você não abre mão de um tom dourado na pele, a boa notícia é que existem alternativas seguras. A melhor delas é o sol – com moderação e sempre com protetor solar. Além disso, os autobronzeadores são uma opção prática, acessível e sem riscos.
No fim das contas, a decisão da Anvisa reforça um recado importante: a beleza não pode custar sua saúde. O bronzeado pode durar algumas semanas, mas os danos da radiação podem acompanhar você por toda a vida.