Câncer poderá causar 98,6% mais mortes no Brasil em 2050, segundo projeção

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
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O Outubro Rosa em particular foi criado por causa da alta taxa de mortalidade devido ao câncer de mama (Foto:Reprodução/Pixabay/Miguel Á. Padriñán)

Nesta quinta-feira (1), a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc) divulgou projeções relacionadas ao câncer que mostram que o Brasil deve registrar aproximadamente 554 mil óbitos por causa da doença em 2050, o que significa um aumento de cerca de 98,6% sobre as mortes de 2022, que foram 279 mil.

Além deste dado, outras estimativas relevantes da Iarc, que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), são as seguintes: Brasil deve registrar 1,15 milhões de casos anuais em 2050, em um aumento de 83,5% sobre 2022 (627 mil casos); O mundo vai registrar 35 milhões de casos anuais em 2050, em um aumento de 77% em relação a 2022 (20 mihões); Atualmente, o câncer mais comum no mundo é o de pulmão (12,4% dos casos totais), seguido pelos cânceres de mama (11,6%), colorretal (9,6%), e próstata (7,3%).

Todas as estimativas decorrem de estatísticas históricas, que vão até o ano de 2022, e abrangem um total de 115 países. Uma parte da pesquisa realizada pela agência busca advertir o mundo sobre o crescimento da incidência do câncer com o passar dos anos, e outra parte se destina ao exame da viabilidade de financiar serviços oncológicos para ajudar na luta global contra a doença fatal.


Dados mostram que só quatro tipos de tumores compõem metade dos casos nos Estados Unidos. (Foto: reprodução/seer.cancer.gov)


Tumores comuns e fatais são agravamentos

Desconsiderando o aumento populacional e o envelhecimento demográfico, os maiores agravantes que podem ser atribuídos ao crescente número absoluto de casos de câncer, de acordo com a agência, são a maior exposição das pessoas a certos fatores de risco. Entre eles, estão como principais o tabaco, o álcool, a obesidade, e a poluição do ar, que tendem a agravar os tumores mais comuns.

De acordo com dados do Observatório Global do Câncer, analisando 185 países e 36 tipos diferentes de câncer, os tumores mais comuns geralmente também são os mais responsáveis pelos óbitos. Por exemplo, o câncer pulmonar – cujo crescimento foi determinado pela Iarc como resultante do consumo elevado de tabaco na Ásia – além de ser novamente o tipo de tumor mais comum, também é o que mais causa mortes.

Isso não significa que é o mais fatal em um caso individual. É somente uma consequência estatística que os quatro tipos de tumores mencionados (pulmão, mama, colorretal, próstata), por serem tão comuns que representaram metade de todos os casos de câncer nos Estados Unidos em 2023, segundo os dados do SEER, acabam também representando a maior parte das mortes.

Para exemplificar, a caridade Cancer Research UK avalia que só 5% dos pacientes com câncer pancreático no Reino Unido sobrevivem mais de dez anos, enquanto que o mesmo dado é de 78% para o câncer de próstata – e ainda assim, este segundo tumor possui 2.500 mais mortes, porque ele ocorre com frequência muito mais elevada.

Impacto desigual

Logo, verifica-se que o aumento do número de casos de câncer inevitavelmente vai resultar em um aumento no número de óbitos, a não ser que a pesquisa científica e tratamentos oncológicos se tornem melhor financiados. É a solução que busca a segunda parte da pesquisa da OMS, com resultados preocupantes.

A pesquisa verificou que só 39% dos países desenvolvidos participantes do estudo ofereciam tratamento oncológico em seus serviços de saúde universais, e ainda que há um “impacto desproporcional nas populações carentes,” o qual expõe uma “necessidade urgente de abordar desigualdades no câncer em todo o mundo.”

No Brasil, este agravamento ainda deve ser levemente mitigado por causa de existência do Sistema Único de Saúde(SUS), que gratuitamente oferece o diagnóstico e tratamento de tumores em no máximo 60 dias aos seus pacientes. Caso tal sistema continue sendo aprimorado, e não seja sobrecarregado por um crescimento elevado no número de casos, é possível que o número de óbitos não seja tão grave quanto o previsto pela Iarc.

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