Esquecimento de memórias pode ser reversível, diz estudo

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Neurocientistas do Trinity College Dublin, na Irlanda, descobriram que o ato de esquecer memórias naturalmente pode ser reversível em alguns casos. O estudo foi publicado na revista Cell Reports e constatou que camundongos recuperaram lembranças ao receberem novas experiências relacionadas ao que havia sido esquecido.

O grupo de pesquisadores investigou uma forma específica de esquecimento chamada interferência retroativa“, que é quando o cérebro é sobrecarregado devido ao acúmulo de muitas memórias ocorridas em um curto período de tempo, podendo ocasionar na perda de lembranças recentes.

Como funcionou o experimento

Nos testes conduzidos com os camundongos, eles foram levados a associar um objeto específico a um contexto ou sala, e então reconhecer quando estes eram retirados do seu cenário original. Entretanto, os animais podem esquecer as associações, caso outras experiências interfiram nessa memória.

O grupo, então, através da optogenética, uma técnica que faz uso de proteínas estimuladas diretamente da luz, descobriu que os camundongos recuperaram as lembranças aparentemente perdidas por causa desse estímulo.

Processo de recordação e esquecimento no cérebro

Tomás Ryan, principal autor do artigo e professor do Instituto de Neurociência da Trinity College Dublin, diz que as memórias são armazenadas em conjuntos de neurônios chamados de “células de engrama”, e a recuperação de memórias está diretamente ligada à reativação desses conjuntos: “Por extensão lógica, o esquecimento ocorre quando as células do engrama não podem ser reativadas”.



Trinity College em Dublin, na Irlanda (Foto: reprodução/Stephen Bergin/Wikipédia)


Já faz anos que o grupo investiga como se comportam as memórias em nossa mente, e segundo sugerem, o esquecimento de certas informações pode funcionar como um recurso do cérebro para aumentar nosso bem-estar, visto que, em uma sociedade com excesso de conteúdo a todo momento, guardar tantas memórias pode não ser algo benéfico.

De acordo com Livia Autore, co-autora do estudo, os resultados mostram que as memórias são afetadas pela competição entre engramas, e que o fluxo contínuo de mudanças nos ambientes à nossa volta provocam esses esquecimentos. Por isso, traços de memória também podem ser reativados de forma natural ou artificial.

Foto destaque: Esquecimento de memórias pode ser reversível, segundo estudo. Reprodução/Freepik.

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