BBB22 causa debate sobre alimentação e transtornos alimentares

Saulo Fragoso Por Saulo Fragoso
6 min de leitura

Pode comer pão? E comer só ovo e fruta? A atitude de alguns participantes do BBB22 em relação à comida levantou debate entre os fãs do programa.

Os transtornos alimentares ganharam destaque nos últimos dias devido a alimentação restritiva e prática de jejum de Bárbara Heck no “BBB22”. Na casa, alguns participantes se preocuparam com a modelo, e do lado de fora não foi diferente. No entanto, a equipe da sister saiu em sua defesa, repudiando tais afirmações sem o devido diagnóstico de um especialista e alegando que está saudável e apta para seguir no programa.

Além de Bárbara, Arthur Aguiar e Lucas Bisolli também chamaram atenção do público, contudo pelo excesso de certos alimentos. Embora alguns fatores observados por trechos do reality show possam fazer com que algumas pessoas acreditem que tais participantes sofram de transtornos alimentares, essas são condições sérias e que requerem avaliação individual de um especialista.

Ainda que seja impossível fazer um diagnóstico sem exame ou acompanhamento de profissionais de saúde, nas redes sociais houve quem apontasse a hipótese de transtorno alimentar após alguns brothers do reality adotarem dietas restritivas ou longos períodos em jejum.

O que é transtorno alimentar

Essa condição é caracterizada por alguma mudança ou perturbações e alterações psicológicas referentes à alimentação. Também pode estar relacionada ao histórico alimentar, mudança de rotina, forma de consumo (desde a consistência a quantidade em escassez ou demasia) e relação com os alimentos, conforme descreve Lorena Rodrigues, psiquiatra do Hospital Brasília/Dasa. “Não é só o reflexo de vaidade. Não está relacionado apenas ao desejo de se manter bonita ou dentro na moda”, afirma a médica, ponderando que pessoas nessa condição têm interferência na saúde física e mental, consequentemente ou vice-versa.

Entre os diferentes tipos de transtornos, os mais comuns são: anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar. A Associação Brasileira de Transtornos Alimentares (Astral) as descreve como:

Anorexia nervosa: caracterizada pela baixa ingestão calórica, a partir de restrições rigorosas que geram extremo baixo peso corporal no contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física. Ademais, ocorre a apresentação do medo mórbido de engordar e perturbações quanto ao peso e à forma corporal; comumente, pode haver distorção da imagem corporal.

Bulimia nervosa: descrita por episódios de compulsão alimentar (consumir uma grande quantidade de alimentos em curto espaço de tempo) que acontecem periodicamente com comportamentos compensatórios inadequados. A característica mais evidente de pacientes bulímicos é a sua peculiar relação com a comida, cuja sensação é a de completa perda de controle. Esses episódios costumam acontecer às escondidas, preferencialmente quando a pessoa está sozinha, mas são acompanhados dos sentimento de culpa, vergonha e muito medo de engordar.

Transtorno da compulsão alimentar: caracterizado pela presença e episódios de compulsão alimentar acompanhado de uma sensação de falta de controle sobre a capacidade de comer. Após esses episódios é comum surgir sentimentos de aversão, depressão ou culpa. Alguns comportamentos são comuns a esses quadros, como roubar ou acumular comida em lugares estranhos e a realização de rituais para as sessões de compulsão.


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(Foto: Reprodução/Pinterest)


Os distúrbios alimentares, como também são chamados, não se limitam a gênero, orientação sexual ou idade, embora sejam mais frequentes em adolescentes e jovens adultos.

Alguns dos sintomas comuns podem incluir distorção de imagem, alimentação descontrolada, falta de apetite, indução do vômito — usando laxantes e diuréticos —, pensamento frequente de perda de peso, longos períodos em jejum e até excesso de exercício físico. “Na maioria das vezes, começa com apenas uma dieta simples e, com o passar dos dias, vai diminuindo a quantidade de alimentos até chegar ao ponto de não querer comer, alegando que não estão com fome”, complementa a nutricionista Catherine Ferrante.

O tratamento está relacionado aos aspectos da rotina, construção alimentar e nutricional. O mais importante no momento é recompor os aspectos nutricionais e de saúde da pessoa. É preciso foco na saúde mental, física, nutricional e no bem-estar do paciente”, diz a psiquiatra.

Segundo Catherine, o processo de introdução aos novos hábitos alimentares não deve ser intitulado e/ou encarado como dieta, e sim como uma reeducação alimentar. “Dessa forma, o paciente entende sobre os alimentos, sem promover a restrição, pois ‘proibir’ gera restrição, e a compulsão como consequência”, explica, completando que em alguns casos o tratamento pode exigir suplementação alimentar.

A nutricionista finaliza alertando a falta de compromisso de pessoas que propagam informações nas redes sociais sem o devido conhecimento e especialidade, o que pode gerar gatilhos e demais consequências físicas e emocionais. Portanto, buscar por profissionais habilitados é essencial, pois somente eles poderão atender as necessidades individuais do paciente, tanto para um diagnóstico concreto quanto para um tratamento eficaz.

Foto destaque: Reprodução/ Arthur Aguiar

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