O Instituto Butantan, em São Paulo, se prepara para produzir uma vacina inédita contra a chikungunya, aprovada nos Estados Unidos nesta quinta-feira (9). Desenvolvida pela franco-austríaca Valneva, a vacina recebeu o aval da Food and Drug Administration (FDA), tornando-se a primeira do mundo a obter aprovação para combater a doença.
O acordo de transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e a Valneva, estabelecido em 2020, permitirá que o instituto brasileiro conduza ensaios clínicos, receba royalties sobre vendas e marcos de desenvolvimento, e, em contrapartida, desenvolva, fabrique e comercialize a vacina. Chamada de IXCHIQ, a vacina é administrada em dose única.
O Instituto Butantan planeja submeter o pedido de aprovação da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no primeiro semestre do próximo ano. A autorização da FDA para a vacina fortalece a possibilidade de sua futura liberação no Brasil, de acordo com o Instituto.
Aprovação da vacina. (Foto: Reprodução/O Globo)
Testes clínicos e ampliação de faixa etária
Atualmente, o Butantan está realizando ensaios clínicos de fase 3 para testar a eficácia da vacina em adolescentes. Os resultados destes testes podem ampliar a faixa etária para a qual a vacina será recomendada. Nos EUA, a aprovação da FDA abrange adultos acima de 18 anos, com base em estudos já concluídos.
Os testes no Brasil envolvem 750 adolescentes, de 12 a 17 anos, residentes em áreas endêmicas de diversas cidades do país. Os resultados desses ensaios serão cruciais para determinar a eficácia da vacina em uma população mais jovem.
Impacto da chikungunya e prevenção
A chikungunya, transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, pode causar sintomas como dores intensas nas articulações, dores de cabeça, dor muscular e manchas vermelhas na pele. O Instituto Butantan destaca que as sequelas pós-infecção, especialmente dores articulares crônicas, representam o principal impacto da doença.
No Brasil, os casos prováveis de chikungunya até outubro de 2023 totalizaram 143.739, representando uma queda de 41% em relação ao mesmo período de 2021. As mortes confirmadas foram 82, 6,8% a menos do que no ano anterior.
Atualmente, as principais medidas de prevenção da chikungunya envolvem o controle dos mosquitos transmissores da doença. Iniciativas inovadoras, como o método Wolbachia, que impede o desenvolvimento dos vírus nas populações de mosquitos, têm sido implementadas no Brasil para complementar as estratégias de prevenção.
Foto destaque: Chikungunya. Reprodução/O Tempo