Do final de abril até o último dia 7 de maio, os registros dos casos de dengue no Brasil saltaram de 542 mil para mais de 757 mil, crescendo cerca de 40% em três semanas em todo o país. No ano passado, o Brasil somou 544 mil casos.
Os dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde apontam que, comparado com o mesmo período do ano passado, os casos registrados aumentaram mais de 150%.
O surto de dengue no país causou 265 mortes até então e os estados que mais registraram óbitos foram São Paulo (99), Santa Catarina (28), Goiás (28) e Bahia (22).
Os estados da região Centro-Oeste apresentaram a maior taxa de incidência da doença, com 1.171 casos a cada 100 mil habitantes. Com a região Sul somando 635,6 casos/100 mil hab., a região Sudeste com 277,7 casos/100 mil hab., o Norte com 176,1 casos/100 mil hab. e o Nordeste com 149,1 casos/100 mil hab.
O estado de São Paulo é o que tem o maior número de casos, com mais de 185 mil registros, seguido de Goiás (123 mil) e Paraná (95 mil).
“O que se observa neste ano é uma atividade expressiva da dengue em algumas partes do país, em particular no eixo que vai do Tocantins até Santa Catarina, passando pelo Centro-Oeste e pela porção oeste de São Paulo“, interpreta Cláudia Codeço, bióloga e epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).
Mosquito da dengue, aedes aegypti Reprodução/Syngenta ppm
O que está por trás desse cenário? Especialistas explicam que uma série de fatores ajudaram para o aumento da dengue neste período.
“Geralmente, quando chega o mês de dezembro e começamos a notar uma grande concentração do Aedes, já dá para prever que março e abril vão ser ruins, com muitos casos de dengue“, relata Celso Granato, diretor do Fleury Medicina e Saúde.
No mesmo período, o Brasil enfrentou uma epidemia da influenza H3N2, o que causou um aumento de casos de gripe, e o espalhamento da variante ômicron do coronavírus.
“Os sistemas de vigilância da dengue foram muito prejudicados, já que nesses dois últimos anos havia um foco quase absoluto na pandemia de covid-19“, acrescenta o diretor.
O menor número de infecções em 2021 tem a ver com os períodos de maior isolamento social, que diminuíram a locomoção das pessoas pelas cidades.
“E vale lembrar que tivemos uma grande epidemia de dengue no país em 2019, então já era esperado um novo aumento a partir de 2022, já que as ondas da doença são cíclicas“, diz a médica Melissa Falcão, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Foto em destaque: mosquito da dengue, aedes aegypti Reprodução/Rádio cidade