Chuvas em SP: o contato com a água dos alagamentos podem trazer risco à saúde

Juliana Pequeno Por Juliana Pequeno
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Nos últimos dias durante o Carnaval além das comemorações também acompanhamos momentos muito tristes com as fortes chuvas que aconteceram no Litoral Norte de São Paulo que provocaram uma série de deslizamentos, deixando ruas inundadas em meio à tragédia que já contabiliza mais de 40 mortos. Além do Litoral Norte outros lugares também registraram fortes chuvas, como a capital, onde as enchentes não fizeram com que os foliões desistissem dos blocos de rua ainda que por vias completamente alagadas. Mas há muitos riscos para a saúde ao caminhar em enchentes, e isso deve ser evitado.

Existe uma grande probabilidade dessas águas de alagamento estarem contaminadas com doenças conhecidas, como a leptospirose, gastroenterites, febre tifoide, hepatite A, tétano, entre outras. A mais conhecida, leptospirose, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, eliminada principalmente pela urina de ratos. A transmissão ocorre por meio de contato da pele com a água e da lama contaminadas, não sendo necessária uma ferida para que o patógeno consiga infectar o organismo. A doença é rara, mas o quadro é grave e os sintomas podem envolver febre, dor de cabeça, dor na panturrilha, fraqueza, sangramentos na pele e mucosa e insuficiência renal.

As gastroenterites podem ocorrer também, elas são causadas por uma série de vírus ou bactérias que circulam em água contaminada. Para que isso ocorra é preciso ser engolido, então é menos provável que as pessoas sejam infectadas enquanto caminham na água. Porém se houver uma falta de cuidado depois do contado com a água pode deixar a pessoa suscetível a contaminação.


 Bloquinhos em meio a ruas alagadas no centro. (Foto: Reprodução/Wagner Origenes/Estadão)


“As pessoas podem facilmente contaminar alimentos e bebidas se não lavarem bem as mãos após o contato com a água da enchente. Os sintomas mais comuns de gastro são vômitos, diarreia e cólicas estomacais que começam de seis a 72 horas após a infecção” explica Simon Reid, professor de Controle de Doenças Transmissíveis da Universidade de Queensland, na Austrália.

Já a hepatite A é uma infecção viral que que também é transmitida da mesma maneira que os patógenos causadores da gastroenterite. Por esse motivo, é preciso evitar colocar a mão na boca ao andar por um alagamento. A doença compromete o fígado e causa febre, mal-estar, falta de apetite, desconforto abdominal, urina escura e icterícia (pele amarelada).

É possível se proteger dessa forma de hepatite através da vacinação, conforme o com o calendário do PNI, o imunizante é recomendado no esquema de dose única, aos 15 meses de vida. Pode ser aplicado no máximo até a criança completar cinco anos, porém o quanto antes melhor. Na rede privada, é administrado em duas doses, aos 12 e 18 meses de idade, o que segue orientações das sociedades de pediatria e de imunizações. Adultos que não foram imunizados, ou cujo exame de sorologia mostre que não têm anticorpos para o vírus da hepatite A, podem se vacinar, mas apenas na rede privada. Nesse caso, a imunização é feita em duas doses, com um intervalo de seis meses entre elas.

Por esse motivo, os especialistas indicam que é melhor evitar andar em qualquer alagamento, e caso não seja possível, utilizar sapatos, e se não consumir nenhum alimento que tenha tido contato com a água.

 

Foto Destaque: Chuvas deixaram as ruas de São Sebastião totalmente alagadas. Reprodução/Maria Isabel Oliveira/ Agência O Globo

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