A jornalista Polyana Resende Brant, de 34 anos, conta como foi o susto de descobrir a presença do tumor na região do tórax do bebê, ainda quando estava no segundo trimestre de gravidez. O tumor era um caso raro, chamado sequestro pulmonar, a anomalia congênita cria um segmento do pulmão que é conectado com a árvore brônquica ou nas artérias pulmonares, sendo irrigada por vasos sanguíneos, principalmente no ramo da aorta.
Danielle do Brasil, cirurgiã especializada em cirurgia fetal do Hospital Santa Lúcia, de Brasília e formada na King’s College, em Londres. É conhecida por fazer cirurgias com altos riscos, e disse que o tumor não era maligno, desta forma, não tinha o risco de um câncer, no entanto estava crescendo e apertando os órgãos do bebê. “Além de ‘roubar’ parte do sangue do corpo e fazer com que água ficasse depositada na região do pulmão”, diz para entrevista da BBC News.
Polyana se desesperou ao saber da notícia, os médicos avisaram que, se a gestação continuasse sem uma medida rápida e eficaz de cirurgia, seu filho poderia não sobreviver. Mas manteve a fé e correu atrás de achar uma solução na ciência, e por consequência, Danielle do Brasil, que relatou as seguintes descrições, para um caso como de Ragnar, deveria ser queimado um dos vasos que abastecem o tumor no sangue: “Assim, com uma agulha grossa que contém fibra de laser dentro, podemos queimar esse vaso, e a massa ‘morreria’ e depois seria absorvida pelo corpo. A ideia também era retirar o líquido do tórax para ajudar os pulmões expandirem”, esclareceu.
Quais são os sintomas do sequestro pulmonar e os tipos?
Desenho esquemático de um sequestro Pulmonar. (Foto: Reprodução/fetalmed)
Os sintomas principais do sequestro pulmonar introbolar nos bebês são: tosses, problemas respiratórios, dificuldades de alimentação e insuficiência cardíaca, embora alguns bebês sejam assintomáticos. E os sequestros extralobares são: associados a questões de defeitos congênitos, como a hérnia diafragmática, malformação adenomatóide cística, cistos de duplicação e outros casos pulmonares.
Desta forma o sequestro pulmonar intrabolar, são classificados como mais comum, cerca de 75% dos sequestros pulmonares. Já, o sequestro pulmonar Extralobar complementa cerca de 25% dos sequestros pulmonares, ainda que, esteja em contato com o pulmão normal, apresenta envoltório pleural. Podendo estar localizado no tórax (intra-torácico) ou abaixo do diafragma (subdiafragmático).
Entenda como foi feito o procedimento inédito
Polyana procurou chegou a procurar por outras opiniões, por precaução e por medo, mas no final, concordou em seguir com o procedimento. E assim, se deu início ao procedimento: “Queimamos o vaso perfeitamente, e toda a equipe estava bastante satisfeita. Mas infelizmente após 10 dias, o tempo usual que esperamos para ver se a técnica ofereceu benefícios, descobrimos que a circulação do tumor fez outro caminho, fazendo com que a massa voltasse a crescer e aumentando o líquido no tórax”, disse a cirurgiã.
A equipe decidiu então, não queimar mais o tumor, mas sim, destruí-lo com a mesma técnica. E o segundo procedimento foi um sucesso, a médica diz que daqui a três será feito uma tomografia tórax, apenas por precaução de encontrar áreas fibrosas pela cicatrização do tumor destruído. Mas, confirma que o bebe não precisa de mais cirurgia, e o caso foi tão inédito que a equipe irá reunir todos materiais dos procedimentos, para enviar para algumas revistas científicas, contribuindo com a experiência mundialmente.
Descrição da imagem. (Foto:Reprodução/BBBNews/ArquivoPessoal)
No dia 18 de maio, o bebê nasceu, saudável e forte, e uma curiosidade incrível é que a mãe, Polyana Resende, escolheu o nome do seu primeiro filho de ‘Ragnar’, com significado de guerreiro, antes mesmo dela saber que passaria por tantos desafios. “Eu fiz todos os procedimentos sorrindo, como mostram as fotos, por ter a oportunidade de salvar meu filho. De alguma forma, quanto a gente se torna mãe, nasce uma força colossal”, diz a jornalista.
Foto destaque. Polyana Resende e equipe médica fazendo a cirugia. Reprodução/BBCNews/Arquivopessoal