A globalização e a busca por alimentos acessíveis têm levado à perda de tradições culinárias e métodos artesanais. O movimento Slow Food Internacional criou a Arca do Gosto para preservar ingredientes ameaçados. Além disso, o abandono de ensinamentos ancestrais contribui para a perda do patrimônio culinário, destacando a importância da preservação da diversidade alimentar e cultural.
O crescente fenômeno global de padronização alimentar, impulsionado pela busca generalizada por preços acessíveis, tem levado a uma perda significativa das receitas tradicionais, sabedoria ancestral e métodos artesanais de preparação de alimentos.
Evidencia-se que a rica biodiversidade do Brasil, frequentemente aclamada em nível internacional, nem sempre reflete em nossos pratos. Com o intuito de preservar ingredientes e introduzir alimentos ainda desconhecidos por grande parte da população, o movimento Slow Food Internacional concebeu a Arca do Gosto.
De acordo com a coordenadora de Programas e Conteúdos da Associação Slow Food do Brasil, Ligia Meneguello, a Arca do Gosto é uma compilação de produtos alimentares que enfrentam ameaças tanto culturais quanto biológicas.
Além disso, os riscos de extinção de certas espécies são devido ao desmatamento, a pesca predatória, as queimadas e, principalmente, a urbanização. Ademais, também é notável a negligência em relação aos ensinamentos ancestrais, o que resulta na diminuição do consumo de diversos pratos e no abandono do patrimônio culinário nacional.
Motivos da provável extinção
Uma parte das gerações mais jovens demonstram um menor interesse em aprender sobre receitas tradicionais, ao mesmo tempo em que há uma crescente valorização de produtos importados.
Atualmente, há um consumo desenfreado de alimentos ultraprocessados, especialmente entre os adolescentes. Isso destaca a necessidade de promover e celebrar a culinária regional e diversificar as opções alimentares desses jovens.
A iniciativa da Arca do Gosto desempenha um papel importante, que serve como ponto de partida para diversas ações, contribuindo para a construção de caminhos de recuperação da culinária tradicional e incentivando chefs, cozinheiros, cooperativas e pequenos produtores.
Veja a lista dos alimentos que têm risco de extinção
O Brasil tem uma rica diversidade de alimentos. Contudo, alguns deles correm risco de extinção (Foto: Reprodução/Freepik)
- Batata doce roxa;
- Pitanga;
- Pequi;
- Pinhão;
- Pimenta Rosa;
- Ora-Pro-Nóbis;
- Palmito Juçara.
Recentemente, conforme dados fornecidos pela Arca, as tradições relacionadas à preparação desses alimentos têm entrado em uma certa queda. Isso acontece porque há a disponibilidade de versões industrializadas desses produtos, sendo comercializadas a preços acessíveis, o que desencoraja a produção familiar e desvaloriza a qualidade do produto artesanal.
Foto destaque: Diversos alimentos brasileiros correm risco de desaparecerem de vez. Reprodução/Freepik