A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), fez um levantamento e teve como resultado um aumento no número de cirurgias feitas para a amputação dos membros inferiores, como pernas ou pés, entre os anos de 2012 e 2021. Foi também visto que, durante o período de pandemia de Covid-19, houve uma alta considerável neste tipo de cirurgia.
Um dos principais motivos para esse aumento expressivo é que durante a emergência epidemiológica, muitos pacientes sofreram com a dificuldade no acompanhamento dos seus casos, tiveram que abandonar o tratamento e evitavam ir aos consultórios e hospitais pelo medo de se infectarem com o vírus da Covid-19.
Em março de 2020, quando começou a pandemia de fato no mundo todo, o Brasil tinha a média diária de amputações em 75. Em 2021, foram constatados cerca de 80 procedimentos de amputação no país. Somente nesses dois anos, cerca de 56.513 brasileiros foram submetidos à cirurgia de amputação ou desarticulação dos membros inferiores.
Todo esse levantamento se baseou em dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde e preocupa os profissionais da saúde, principalmente em relação aos cuidados de doenças vasculares, como a Síndrome do Pé Diabético. Segundo esses dados, a maioria dos casos de amputação são de pacientes que sofrem com a diabetes, contudo vale pontuar que, esse tipo de cirurgia pode ser relacionada também por problemas como: tabagismo, hipertensão arterial, idade avançada ou insuficiência renal crônica.
Segundo o cirurgião vascular e diretor de publicações da SBACV, Mateus Borges, esses dados mostram como houve um impacto da pandemia nos cuidados e na qualidade de vida dos pacientes. Outro ponto ressaltado é que, para ele, as pessoas diabéticas, podem desenvolver úlcera e aí o quadro se torna infeccioso, demandando internações que podem ser longas, causando um afastamento do trabalho, aposentadoria precoce e até dependência de familiares e amigos.
Foto: Pessoa com duas próteses nas pernas/Reprodução: G1-Rio Grande do Sul
Falta de diagnóstico
O especialista comenta que: “No mundo todo, muitas pessoas não sabem que sofrem de diabetes. Por isso, muitas vezes os pacientes chegam ao consultório já sofrendo com as complicações da diabetes e só após esse atendimento descobrem que sofrem desse mal. O Brasil tem uma legião de amputados e esse número cresce exponencialmente”. Esse número que Mateus se refere, são os cerca de 245 mil brasileiros que tiveram os membros inferiores amputados.
Segundo pesquisas, aproximadamente 10% dos pacientes morreram no período pré/pós operatório da amputação. 30% morreram no primeiro ano após a cirurgia e 50% morreram no terceiro ano após a cirurgia. O percentual pode ser maior em países em desenvolvimento, pois os pacientes somente procuram pelos médicos quando a infecção da úlcera nos pés já está avançada.
Mesmo que o número de amputações no Brasil todo seja equilibrado, há regiões que chamam a atenção de especialistas, como é o caso de Alagoas, que teve uma alta de 173% entre 2012 e 2021 nos casos de amputações. Outros estados com números alarmantes são: Roraima com 160%, Ceará com 146% e Rondônia com alta de 116%. Já estados como Amapá e Amazonas, tiveram uma queda de 29% e 25% nessa cirurgia.
Foto Destaque: Skatista usando prótese nos pés/Reprodução: Freepik