No último domingo (29), em uma entrevista ao fantástico, psicólogos explicaram como uma guerra pode impactar na saúde mental de crianças em Israel e Gaza. Segundo o psicólogo Leo Wolmer, 90% das crianças que estão nos hospitais israelenses após os ataques sofrem de ansiedade, tem pesadelos, medo de dormir e ficam agitadas.
Reações pós guerra
Wolmer relatou que essas crianças são afetadas desde muito pequenas, sendo possível ver reações em crianças de 1, 2 anos de idade.
A psicóloga dos Médicos Sem Fronteiras, Ionara Rabelo, explica que a guerra e o medo afetam a capacidade de aprender, reproduzem alterações na fala e fazem com que as crianças cresçam preparadas para revidar conflitos.
“Tem criança que para de falar, o que chamamos de mutismo seletivo. Tem outras que têm medo de dormir, tem pesadelos e ficam acordadas. Algumas estão completamente agitadas fisicamente”, disse ao Fantástico Haim Omer, psicólogo e professor da Universidade de Tel Aviv.
Crianças palestinas ordenadas com panelas enquanto esperam por refeição preparada com ingredientes obtidos por doadores, em um bairro pobre da Cidade de Gaza, em 2021. (Foto: divulgação/Mahmud Hams/AFP)
Traumas
A brasileira Ellen Dorella é dona de uma escolinha em Israel onde atende crianças de zero a 3 anos. Ela diz que, por estarem convivendo com conflitos, as crianças conseguem diferenciar o som entre sirene e alarme, entre outros.
“Outro dia, passou uma ambulância e, na mesma hora, uma menina falou assim: ‘não se preocupem, é uma ambulância’. Ver uma criança de 2 anos falar isso é de partir o coração“, disse Ellen.
Para Yasser Abujamei, chefe do maior centro de saúde mental da Faixa de Gaza, as crianças convivem com a guerra há muito tempo e as explosões atuais trazem lembranças de perigo e tristeza. Ele procura acalma-las passando mensagens positivas, falando sobre sobrevivência e de um futuro melhor.
Yasser recorda que, mesmo após o acordo pelo fim da guerra entre os países e ainda que as coisas melhorem, os traumas ficarão presentes nas vidas das crianças.
Sobre o futuro das crianças e pretendendo diminuir as possíveis sequelas, a psicóloga Ionara Rabelo ressalta que é preciso a presença de adultos tranquilos, para que as crianças sejam, também, tranquilas e saudáveis.
Footo destaque: Criança palestina brinca em uma área pobre no campo de refugiados no sul da Faixa de Gaza, em 2021 (Reprodução/Mahmud Hams/AFP)