Desde o começo de maio, o Brasil está enfrentando uma onda de frio, carregando temperaturas bem geladas e com recordes, por isso é comum ver pessoas bebendo um vinho ou outra bebida destilada, tentando se aquecer. O problema está quando esta pessoa ingere altas quantidades de álcool e está exposta ao frio.
Segundo o médico especialista em Medicina do Esporte do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Zogaib, “O álcool é um fator depressor do sistema nervoso central, então quando o álcool entra no sangue, ele dá uma pequena deprimida no cérebro”, dessa forma o médico recomenda que se for ingerir uma bebida alcoólica, que seja em pequenas doses.
O perigo aparece quando a pessoa está exposta ao frio, sem nenhuma proteção e ingerir altas quantidades de álcool para se aquecer, como é o caso dos moradores de rua, conta o médico clínico geral do Hospital Universitário e do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Carlos Eduardo Pompilio.
Foto: Homens em bar bebendo cerveja/Reprodução: BBC NEWS
“O álcool só alivia a sensação de frio, porque é extremamente calórico, ou seja, para que seu fígado transforme todo o etanol ingerido, ele irá precisar de muita energia”, explica o doutor. Outro ponto ressaltado por ele é que o álcool acaba dilatando os vasos sanguíneos e estes deveriam estar contraídos para manterem o calor corporal. “A bebida diminui nosso desconforto, ou seja, passamos a tolerar mais o frio. Aqui aparece o problema, pois para ficar mais tempo em baixas temperaturas é necessário beber mais e dessa forma quanto mais etanol no sangue menos capacidade de reação ao frio a pessoa tem”, conta o médico.
Assim, quanto menos reação a pessoa tiver, mais chances de morrer por hipotermia aumenta, como foi o caso do morador de rua, Isaías de Faria, que morreu em um centro de convivência municipal, depois de ter dormido na rua na quarta-feira (18), considerado o dia mais frio desde 1990, e marcou apenas 6,6°C nas ruas de São Paulo.
A hipotermia é quando a temperatura do corpo cai de forma brusca, com isso nosso corpo que precisa de pelo menos 37°C para manter o metabolismo funcionando, resolve “desligar” suas funções. “O coração bate mais devagar, a pessoa fica sonolenta e pode entrar em coma e a glicose despenca. Já peguei pacientes com 33°C, 32°C de temperatura corporal e precisei fazer um buraquinho na barriga e colocar soro quente para a pessoa voltar a se aquecer” relata Pompilio.
O frio pode causar no corpo humano coisas como: contração dos vasos sanguíneos, mãos e pés gelados, sono, fome, tremores, alergias e vírus, aumento do xixi e maiores chances de infarto ou AVC (acidente vascular cerebral), por isso deve-se sempre tentar se manter aquecido para evitar a hipotermia.
Foto Destaque: Termômetro de rua marcando baixa temperatura/Reprodução: TABOÃO EM FOCO