Estudo da Fiocruz revela que há gripe aviária na Antártida

Luísa Giraldo Por Luísa Giraldo
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Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicaram um estudo sobre casos da gripe aviária em pinguins selvagens ao se depararem com cepas do H11N2, um subtipo do vírus influenza A, nas Ilhas Shetland do Sul, na Antártida. A detecção do vírus foi a partir de amostras fecais da espécie. Eles alertaram que a evolução desses agentes infecciosos deve ser monitorada.

Para a pesquisa, publicada na revista científica Microbiology Spectrum, foram analisadas, 95 amostras de fezes dos pinguins das espécies de-adélia e de-barbicha. Especialistas notaram, nos testes de sequenciamento genômico, a diversidade de cepas entre a população de pinguins, o que indiciou a “circulação continua no continente”. A partir dos testes, profissionais levantaram a suspeita que o agente infeccioso provavelmente é endêmico na região.

Os pesquisadores disseram que o agente infeccioso desta gripe aviária pode e está sendo encontrado em pinguins, mas o impacto dele em outras aves ainda é desconhecido. “Os AIVs (vírus da gripe aviária) podem ter implicações para a saúde da fauna e há risco potencial da introdução de AIVs altamente patogênicos no continente”, disseram os profissionais. Eles apontaram ainda, como pior cenário, que os patógenos externos teriam a capacidade de provocar surtos ou pandemias. Por essa razão, é necessário que as pesquisas de monitoramento prossigam.


Pinguins na Antártida (Reprodução/Fotos da Hora)


Provenientes de aves silvestres, amostras de influenza já originaram de cepas pandêmicas no passado. A gripe espanhola, em 1918, a gripe asiática, em 1957, a gripe de Hong Kong em 1968 e, a última e mais recente, a gripe suína, em 2009, são exemplos delas.

O pesquisador Fernando Couto Motta do Fiontar, do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo da Fiocruz, contou que o conhecimento deste vírus é importante para o “acervo” científico por apresentar uma noção da diversidade do vírus da influenza e daquilo que pode estar circulando naquelas espécies de pinguins. “Vivemos um momento de muita alteração no ambiente antártico e periantártico. O conhecimento do que existe lá permite que, numa situação em que ocorra um desequilíbrio, possamos entender o tamanho desse desequilíbrio e suas consequências” disse ele em um comunicado.

 

Foto destaque: Estudo revela a existência de vírus influenza em pinguins na Antártida. Reprodução/Divulgação Peter Ilicciev/Fiocruz.

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