Estudos apontam que fatores genéticos podem proteger contra covid-19

Afernandes Por Afernandes
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Desde 2020, pesquisadores de vários países, incluindo o Brasil, buscam identificar genes que conferem proteção contra o novo coronavírus, tanto impedindo a infecção quanto favorecendo uma doença leve, na expectativa de que esse conhecimento permita o desenvolvimento de novas vacinas e tratamentos contra essa doença e outras provocadas por vírus.


Paciente fazendo o teste de Covid-19. (Foto: Reprodução/ICTQ)


Recentemente, foram publicados dois estudos realizados por pesquisadores brasileiros que ajudam a entender que fatores genéticos protegem algumas pessoas da infecção ou até mesmo de desenvolver a forma mais grave da doença. Os estudos buscam genes que permitam o desenvolvimento de novas vacinas e novos tratamentos.

Um dos estudos foi realizado com um grupo de idosos acima de 90 anos resistentes ao SARS-CoV-2 e o outro descreve o caso de gêmeos idênticos com desfecho diferente para a chamada covid longa.

Os cientistas trabalharam com um grupo de 87 indivíduos chamados de “superidosos”, ou seja, com mais de 90 anos que se recuperaram da Covid-19 com sintomas leves ou que permaneceram assintomáticos após teste positivo para o coronavírus. Os dados foram comparados com os de 55 pessoas com menos de 60 anos e que contraíram a forma grave ou morreram, além de uma base da população idosa geral da cidade de São Paulo, obtida por meio de banco genético.

Os testes realizados buscavam possíveis genes de resistência ao SARS-CoV-2 e queriam entender os mecanismos envolvidos em idosos resilientes à doença, mesmo podendo ter comorbidades, em contraponto a pessoas mais jovens sem comorbidades que tiveram formas muito graves, algumas letais.

Os pesquisadores analisaram a região do cromossomo 6, conhecida como Complexo principal de Histocompatibilidade (MHC, na sigla em inglês). Essa área tem dezenas de genes que controlam o sistema imunológico, de diferentes formas. Um ponto encontrado a ser investigado é a ligação das variantes de MUC22 com o aumento de expressão do microRNA miR-6891. Este último se associa ao genoma do vírus e consegue quebrá-lo. Por isso, a maior produção dessas moléculas de alguma forma poderia diminuir a reprodução do vírus dentro da célula, o que estaria relacionado à Covid leve. Outros dois achados da pesquisa estão ligados a variantes de genes mais frequentes em indivíduos africanos e sul-americanos, sendo o gene HLA-DOB. Eles perceberam que o HLA-DOB pode interferir no trânsito de alguns antígenos (pedaços do vírus) para a superfície celular.

Os pesquisadores detectaram que o trânsito pode estar modificado nessas proteínas de dentro da célula para a superfície, agravando a infecção. Ao comparar casos leves e graves de Covid-19, a frequência desse gene foi três vezes maior no segundo grupo.

Depois de avaliar o perfil de células imunes e das respostas específicas ao SARS-COV-2, os cientistas apontaram que a evolução clínica diferente entre ambos reforça o papel da resposta imune e da genética no desenvolvimento da doença.

Foto destaque: Cientistas do Albert Einstein. Reprodução/Nelson Almeida/AFP

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