Fungo brasileiro causa preocupação em cientistas

Sergio Gelio Por Sergio Gelio
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Até meados da década de 1990, o fungo Sporothrix brasiliensis era praticamente desconhecido. No entanto, de repente ele se tornou uma preocupação de saúde pública. Os primeiros casos de infecção por este patógeno foram identificados no Rio de Janeiro, onde os pesquisadores descobriram que a transmissão era principalmente através de gatos de rua. Em seguida, as infecções se espalharam para outros estados do Brasil e mais tarde, foram detectadas na Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia e Panamá, com alguns casos registrados na Inglaterra e nos Estados Unidos.

O que está por trás desta epidemia pouco conhecida é um exemplo de como o desequilíbrio ambiental pode levar a consequências inesperadas. Fungos do gênero Sporothrix são conhecidos há muito tempo, desde 1898, e eles aparecem principalmente no solo e em algumas plantas. Eles desempenham um papel importante na decomposição da matéria orgânica na natureza, mas, em casos raros, eles podem causar doenças em humanos, conhecidas como esporotricose.


Gato (Foto: Reprodução/UOL)


O Sporothrix brasiliensis, por exemplo, pode infiltrar as camadas superficiais da pele, causando feridas. Além disso, ele pode invadir o sistema linfático e afetar olhos, nariz e pulmões. Esses casos eram raros antes, mas começaram a chamar a atenção no final da década de 1990 no Rio de Janeiro. Entre 1998 e 2001, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz diagnosticaram 178 casos de esporotricose e descobriram que muitos dos pacientes tinham contato com gatos que também estavam doentes e foram mordidos ou arranhados por eles.

Com o tempo, os pesquisadores puderam entender melhor o ciclo da infecção não apenas entre as pessoas, mas também em animais próximos a elas. Eles descobriram que o fungo se adaptou aos gatos, causando uma doença disseminada que provoca ferimentos no rosto e nas patas. E um gato infectado pode transmitir a doença a outros gatos, cães e humanos. Isso acontece porque os felinos têm hábitos de disputa física na busca por territórios, alimentos e acasalamentos, o que pode resultar em mordidas e arranhões.

Deve-se destacar que os gatos não são culpados pela esporotricose.

Foto destaque: Gato. Reprodução/UOL

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