Gripe espanhola: 5 hábitos que mudaram após a pandemia de 1918

Bruno Gama Por Bruno Gama
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No século XX, a humanidade enfrentou uma das pandemias mais mortais da história com a chegada da gripe espanhola, que culminou na morte de milhares de pessoas em todo o mundo. Ela correu entre os anos de 1918 e 1919 e estimasse que o número real de mortes causadas pela doença tenha chegado na casa de 50 milhões.

Para o historiador Kenneth Davis, autor do livro More Deadly Than War (‘’Mais Mortal que a Guerra’’), a gripe espanhola estava ligada diretamente com Primeira Guerra Mundial, pois os primeiros surtos da doença aconteceram durante o conflito – disse em entrevista concedida à BBC News Mundo.

‘’A vida parou completamente nos Estados Unidos e em muitos outros lugares ao redor do mundo. As pessoas não podiam ir à igreja ou se movimentar livremente, tinham que usar máscaras, etc. Todas as coisas que associamos hoje à atual pandemia aconteceu em 1918, embora em escala diferente porque o país era muito menos urbanizado na época’’, explica.


A gripe espanhola reduziu em 12 anos a expectativa de vida nos EUA (Foto: Getty Images/via BBC)


A pandemia de 1918 mudou de forma trágica o rumo das nações e essas mudanças também vieram nos hábitos de saúde, que de lá pra cá mudaram bastante. Confira algum deles:

USO DE COPOS DESCARTÁVEIS

Em 1918, era muito comum os prédios públicos nos EUA terem um copo de metal chamado de ‘’concha de lata’’, usado para beber água. Este copo poderia ser utilizado por qualquer pessoa que frequentasse os edifícios, logo, centenas de pessoas usavam-o todos os dias. O hábito só foi erradicado com a chegada da pandemia, sendo subistituido por copos descartáveis.

 

COBRIR A BOCA AO TOSSIR E ESPIRRAR

‘’Tosses e espirros espalham doenças’’, esse era o slogan utilizado pelas autoridades de saúde da época para alertar a população. A mensagem foi divulgada através de cartazes, alegando que ‘’eram tão perigosos quanto uma bomba envenenada’’.

 

EVITAR CUSPIR NA RUA

Cuspir na rua era um hábito socialmente aceitável. As campanhas contra a tuberculose promoviam a proibição da prática. Mesmo sanções sendo aderidas em algumas cidades, não era possível controlar o ‘’ato’’. ‘’Você era multado em um dólar se cuspisse no metrô de Nova York e tinha que comparecer a um tribunal’’, diz Kenneth Davis.

Na época, era muito comum mascar tabaco, por isso os cidadãos cuspiam com muita frequência.

 

VENTILAR ESPAÇOS

Em 1918, os médicos começaram a entender que algumas doenças poderiam ser transmitidas pelo ar, mas, ainda era um conceito confuso. “Se você estivesse em um bonde em uma cidade como Filadélfia ou Nova York e estivesse frio, não ia querer abrir as janelas e, além disso, havia alguns médicos que recomendavam mantê-las fechadas porque temiam que o vírus se espalhassem pelo ar. E realmente era assim que acontecia, mas por causa da respiração próxima dos outros, e não por causa do vento’’, explica Davis.

 

UM AQUECEDOR SOB A JANELA

Manter as janelas abertas para arejar o ambiente levaram os estadunidenses a aderir uma outra prática: colocar um aquecedor sob as janelas de suas casas. A recomendação dos especialistas era manter as janelas abertas mesmo em dias frios do inverno, levando-os a procurar uma solução. A prática continua até os dias de hoje.

‘’O aquecedor foi colocado sob a janela porque eles pensavam que seria a maneira mais eficaz de aquecer o ar frio  que entra pela janela’’, comenta Davis.


Cartaz promovendo o uso de máscaras (Foto:Biblioteca da Universidade de Oregon/via BBC)


Curiosidade: O último hábito adquirido em meio a pandemia de gripe foi o uso de máscaras, mas não perdurou até o controle dos casos da doença.

 

Foto Destaque: Reprodução/BBC

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