Neurocientista explica como a Covid-19 afetou a saúde mental da população

Editoria Imag Por Editoria Imag
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Quase três anos após o início da pandemia de Covid-19, as marcas deixadas por ela ainda são muito evidentes. Além de provocar milhares de mortes, a doença também deixou sequelas em alguns infectados e provocou um trauma coletivo, do qual ninguém pôde escapar. A combinação de todos esses fatores, em alguns casos, provocou problemas de saúde mental que ainda persistem, como explica o neurocientista Wellington Bruski.

O especialista destaca que a pandemia mudou abruptamente a vida de todos, seja por causa do isolamento social, pela perda de entes queridos ou mesmo pelo medo de contrair o vírus. “Nossa geração não tinha vivido uma crise tão grande, que mexesse tanto com a psique das pessoas”, afirma ele. Esse incômodo coletivo, segundo o Dr. Wellington Bruski, gerou principalmente stress, transtornos de ansiedade e síndrome do pânico, em diferentes graus. “Pessoas saudáveis começaram a ficar com medo de sair na rua e algumas começaram a ter ataques de pânico”, explica. Ele ainda lembra que esses transtornos psíquicos também desencadearam ou potencializaram outros problemas de saúde, como doenças cardíacas, por exemplo.

Efeitos ainda não totalmente explicados da Covid-19 também parecem ter deixado sequelas cognitivas em alguns pacientes, de acordo com o neurocientista. Ele pontua que esse é um tipo diferente de problema, mais relacionado a aspectos neurológicos que ainda estão sendo pesquisados. Há relatos de perda de memória e dificuldade de raciocínio, por exemplo. “Se você consegue fazer todas as tarefas que fazia antes de contrair Covid, não sobrou nenhuma sequela. Porém, se algo mudou e você não consegue mais fazer algo da sua rotina, pode haver sequelas neurológicas da Covid-19”, explica. “E se você ainda não buscou o tratamento, você tem que procurar um neurologista ou um profissional neuropsicólogo o quanto antes. Tudo tem tratamento, com exercícios e terapias”.

E assim como as possíveis sequelas neurológicas, os traumas decorrentes da pandemia também devem ser tratados por profissionais de saúde quando geram prejuízos às atividades do cotidiano. “É preciso buscar um tratamento para que você comece a se entender. Se você não consegue mais lidar com a situação, o caso pode se agravar ao ponto de você desenvolver uma doença psíquica como uma depressão ou um transtorno de ansiedade muito grave”, alerta o especialista.

Dr. Wellington Bruski também explica que os possíveis tratamentos para os problemas de saúde mental variam muito e dependem de uma boa análise do histórico do paciente. Na maioria dos casos de transtorno de ansiedade, síndrome do pânico ou estresse, é indicado o tratamento medicamentoso. Nesses casos, a terapia com psicólogo ou neuropsicólogo também é obrigatória, já que é fundamental para o desenvolvimento emocional e para o acompanhamento dos efeitos da medicação. Em caso de sequelas neurológicas, também são indicados exercícios para a melhora cognitiva e recuperação das habilidades perdidas.

“Busquem ajuda, seja qual for o problema que você tem, seja ele decorrente da pandemia ou não”, alerta o Dr. Wellington Bruski. “Só profissional médico ou psicólogo vai poder te auxiliar nesse momento”, afirma. Ele também lembra que o atendimento psicológico pode ser obtido pelo SUS. Para se informar melhor sobre esse tipo de serviço, basta ir a uma unidade básica de saúde. Dr. Wellington enfatiza, ainda, a importância da vacinação contra a Covid-19 e dos demais cuidados para prevenir a doença, fundamentais para que a pandemia possa ser controlada.

Foto Destaque: Reprodução

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