Novo estudo internacional aponta que o excesso de álcool pode provocar câncer de esôfago

Arianny Xavier Por Arianny Xavier
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Pesquisadores do Inca(Instituto Nacional do Câncer) atuaram em um estudo internacional para compreender as variações sofridas pelas células do esôfago que desenvolvem nesse órgão, o câncer. Respostas brasileiras apontam que o excesso no consumo de bebidas alcoólicas pode causar sinais físicos nestas células, o que pode gerar um carcinoma epidermoide, que é o tumor mais constante nessa região. Confirma-se que o consumo de bebidas alcoólicas pode causar modificações genéticas em seres humanos. O artigo final teve publicação na revista científica Nature Genetics.


(Foto: Reprodução/Pexels/Pixabay)


As respostas obtidas pode auxiliar no desenvolvimento- num futuro próximo- de um exame de sangue que mostre quem pode ou não averiguar um provável câncer de esôfago.

É muito raro realizar o diagnóstico precoce deste tipo de tumor. Porque os sinais da doença só aparecem quando já se está em uma fase avançada. O perfil dos brasileiros que sofrem da doença são homens que fazem consumo excessivo do álcool, cerca de 500ml todos os dias, além de fumar regularmente e consumir líquidos muito quente com frequência. A tarde descoberta da doença reduz o prognóstico dela: apenas 15% das pessoas com a doença estão vivos depois de 5 anos da descoberta. Este é o 6º câncer que mais afeta os homens brasileiros. Ocorre cerca de 11.300 novos casos a cada ano sendo 76% em homens e 8.700 pessoas morrem anualmente com a doença, sendo 78% do sexo masculino.

A pesquisa feita nos brasileiros é do planejamento do Mutographs, comando pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde(IARC/OMS) e pelo Instituto Sanger do Reino Unido, onde há a participação de cientistas de 10 países. 552 genomas de pessoas com a doença de 8 nações (Brasil, China, Irã, Japão, Quênia, Malawi, Reino Unido e Tanzânia) foram analisados em um período de 5 anos. O intuito era compreender o que leva a esta doença. Foi apontado através dos dados epidemiológicos que no Brasil esse tumor tem ligação com a ingestão de álcool, onde teve confirmação no estudo, além do cigarro e o consumo de bebidas quentes, sendo dominante no sexo masculino. Porém, nos outros países, não tinha dados sobre a causa da doença e esclarecimentos sobre a indiferença no sexo.

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Luis Felipe Ribeiro Pinto, chefe do Programa de Carcinogênese Molecular e coordenador de pesquisa do Inca explica que:” O estudo conseguiu comprovar que o álcool está envolvido na gênese do câncer de esôfago. Descobrimos três assinaturas mutacionais que só existem em pacientes que bebem. Há diferentes teorias de como álcool pode causar o câncer, mas mostramos claramente que o acetaldeído pode provocar mutações no DNA. Apesar de ser considerado um cancerígeno fraco, em altas concentrações ele passa a atuar como um cancerígeno forte.”

Foi verificado pelos pesquisadores outras 3 assinaturas mutacionais iguais a todos os genomas examinados no estudo, com inclusãoo dos brasileiros. A 1ª variação tem ligação ao envelhecimento precoce. A 2ª tem relação com os radicais livres, provocado pela inflamação presente no esôfago. A 3ª está relacionada a existência de enzima Apobec (arma do sistema imunológico acionada quando sofremos com infecções virais)

Desse modo, achar a assinatura mutacional deu um alerta, já que as nenhuma das pessoas acometidas da doença onde o material genético foi examinado mostrava sinal de infecção viral. Os estudiosos supõem que há algum mecanismo, que faça a ativação desta ação sem necessitar da presença de um vírus.

Resíduos das 4 variações podem ser achadas no sangue dos pacientes com o câncer do esôfago antes dos primeiros sinais começarem. É a partir disto, que os profissionais querem produzir uma biópsia líquida, como um exame de sangue, onde será possível identificar estes sinais. Hoje em dia, o primeiro exame realizado para diagnosticar a doença é a endoscopia. Deste modo, por ter alto custo- no treinamentos dos especialistas quanto na aquisição do equipamento- e o número de pessoas com a doença ser baixo em comparação à população suscetível, o valor de rastreamento é muito alto, especialmente para saúde pública. O exame de sangue será um procedimento mais rápido e barato, levando à endoscopia apenas pacientes que apresentem sinais de certas mutações genéticas.

Foto destaque: Reprodução/Michal Jarmoluk / Pixabay

 

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