Pesquisas indicam que Covid-19 envelhece o cérebro de pacientes graves

Franklyn Santiago Por Franklyn Santiago
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Cientistas e pesquisadores dos Estados Unidos e Holanda identificaram em infectados por Covid-19, de todas as idades, alterações no cérebro que são apenas encontrados no cérebro de idosos. Estudo baseado no envelhecimento cerebral somado à perda cognitiva, foi publicado na Nature Aging, revista científica, nessa segunda-feira,05, e está embasado em pacientes afetados por Covid grave.

O estudo foi realizado com amostras de cérebros de pacientes que faleceram devido ao corona vírus, e identificou atividades genéticas que se relacionam a alterações cerebrais com maior frequência em pessoas que foram infectados com o vírus de forma grave. Por outro lado, pacientes que, passaram por uma infecção não tão grave, mas também precisaram ser internados em UTI, ou necessitaram de auxílio de ventiladores para a respiração, tinham uma atividade relacionada às alterações no cérebro em menor frequência.


Representação visual do vírus da Covid-19.(Imagem: reprodução/Credit: Iso-form LLC)


Também foi estudado pelos cientistas, em paralelo, amostras cerebrais de pessoas não infectadas com o vírus. Foram 10 mostras de pacientes com 38 anos ou menos no momento de sua morte, e 10 amostras de pacientes com 71 anos ou mais. A pesquisa indicou que os pacientes de 71 anos ou mais possuiam alterações cerebrais semelhantes as dos pacientes que faleceram de Covid-19 grave.

A pesquisa começou a cerca de dois anos, pela neurobióloga Maria Mavrikaki, do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston. Com o auxílio de um estudo que já estava em andamento, para descrever o declínio cognitivo em pacietes afetados pelo vírus. Ela acompanhou o estudo com o intuito de verificar alterações no cérebro que pudesse desencadear os efeitos observados.

Eles retiraram amostras do córtex frontal (área do cérebro que tem ligação com a parte cognitiva) de 21 pacientes vítimas de Covid-19 grave para realizar o estudo, e de um paciente que morreu assintomático e comparou com amostras de 22 pessoas que não tiveram contato com a doença.

Havia um outro grupo de controle, que era formado por pacientes que nunca foram infectados pelo Corona Vírus, mas ficaram internados em UTI com respiradores, intervenção que pode causar efeitos colaterais graves. Para esse grupo, foram selecionados 9 pacientes.

Os pesquisadores descobriram que os genes associados à inflamação e ao estresse afetaram mais os pacientes com indícios graves de Covid-19 do que nos pacientes dos grupos de controle. Entretanto, os genes de cognição e ligações entre células cerebrais tinham menor atividade.

A pesquisadora neuropatologista Marianna Bugiani, do Amsterdam University Medical Centers, afirmou que “Nosso estudo abre uma infinidade de questões importantes não apenas para entender a Covid-19, mas para preparar a sociedade para as consequências da pandemia a longo prazo”

Mavrikaki então suspeita de que os efeitos da infecção causada pelo coronavírus são causados pela inflamação, indiretamente, e não pela presença do vírus em si. Os pesquisadores descobriram que expor neurônios cultivados em laboratório a proteínas de inflamação afetou a atividade de genes relacionados ao envelhecimento.

 

Foto destaque: teste de covid-19 sendo realizado para identificar se há a presença do vírus. Reprodução: Flickr/Crédito: Pedro França/Agência Senado

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