Relação com filhos adolescentes é desafiadora, mas pode ser pacificada, diz psicanalista

Heloisa Santos Por Heloisa Santos
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Conflitos familiares fazem parte da rotina da maior parte dos lares com filhos adolescentes. Afinal, a fase marcada pelas transformações no corpo e na mente dos mais jovens pode ser conturbada e trazer incertezas, tanto para pais, quanto para filhos. Para a psicanalista Denise Santos, “uma casa com adolescentes é naturalmente uma casa em crise”. No entanto, ela explica que a adoção de algumas atitudes diante da adolescência dos filhos e a busca por ajuda profissional, em certos casos, podem tornar esse momento mais harmônico.

Na avaliação de Denise Santos, é natural que os adolescentes busquem uma autonomia e um caminho próprio, diferente do que estavam acostumados anteriormente. O momento, no entanto, também impõe desafios também para os pais, que precisam abrir mão do papel de cuidadores que desempenhavam até então. ”Tanto os pais quanto os filhos estão passando por transformações”, ressalta a psicanalista.

Segundo a psicanalista, essa fase da vida dos jovens exige uma “liberdade assistida”.  Ou seja: os pais não devem cortar as rédeas abruptamente, mas também não devem ficar excessivamente colados aos adolescentes, como faziam antes. É necessário, portanto, encontrar um equilíbrio, estabelecendo acordos e conversando abertamente. Entretanto, esse processo pode se tornar mais difícil se a família tiver falhado em impor limites ainda durante a infância.

Denise destaca a importância de promover uma cobrança de responsabilidade, em vez de impor decisões sem justificativas. “Não vai funcionar mais o ‘não porque não’. É necessário fornecer explicações e argumentações”, salienta a psicanalista. Nessa etapa, o diálogo e o entendimento mútuo são fundamentais. “É preciso apontar responsabilidades e consequências para as próprias ações”, acrescenta. “Além disso, é importante proporcionar uma noção de vida prática, como do gerenciamento do dinheiro”.

Como exemplos de “bons acordos” que podem ser estabelecidos para facilitar a convivência, Denise sugere o estabelecimento de horários de privacidade para os jovens, em que eles possam se dedicar às atividades que desejam. No entanto, o combinado também deve estabelecer momentos de participação do adolescente nas atividades familiares. No momento de estabelecer os “tratos”, os pais devem mostrar os dois lados da moeda, destacando as escolhas e as renúncias envolvidas.

Contudo, há momentos em que a busca por ajuda profissional se faz necessária. Denise ressalta que uma dificuldade por parte dos pais em lidar com as adversidades impostas pela adolescência, como dificuldades de diálogo, falta de aproximação e assuntos tabus, são indicadores de que eles precisam buscar auxílio especializado.

Da mesma forma, quando os afetos dos adolescentes se tornam insuportáveis e a angústia se manifesta na forma de comportamentos destrutivos, é essencial procurar ajuda; Em casos mais graves, como automutilação, bullying, depressão ou ideação suicida, a assistência profissional é imprescindível para garantir a segurança e o bem-estar do adolescente.

Foto Destaque: Reprodução

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