Segundo médica, a varíola dos macacos não será tão agressiva quanto a Covid-19

Felipe Yamauchi Por Felipe Yamauchi
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Entrevistada pela equipe do site da CNN nesta quarta-feira (1°), a virologista do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Clarissa Damaso, explicou que a varíola dos macacos não será um problema de grandes proporções como foi a Covid-19, já que o “novo” vírus não é tão transmissível como o outro.

A especialidade de Clarissa é analisar os chamados “Poxvírus”, que são famílias de patógenos grandes e complexos que tem um genoma de DNA e o vírus da varíola faz parte dessa classe. Segundo ela, não é necessário uma grande mobilização por parte da sociedade, uma vez que o Brasil tem como oferecer o suporte necessário para o controle da transmissão. “Não acredito que vá explodir como foi com a Covid. O padrão de infecção é diferente, então eu queria dizer para a população não ter pânico porque nós temos armas para controlar a situação”, conta a especialista.

Questionada sobre uma vacina para esta variante, a virologista disse que não há uma produção em massa do imunizante, já que desde a erradicação da doença, nenhum produto existente é disponibilizado para a compra por parte dos cientistas. O objetivo maior da fabricação desses imunizantes já existentes é devido ao medo do uso do vírus da varíola como arma biológica.

É uma vacina destinada aos pesquisadores que trabalham com o Poxvírus, aos militares que vão para zonas de conflito com medo de uma possível guerra biológica, fora isso, não é uma vacina de uso generalizado. Aqui vai dos países quererem comprar o imunizante com o intuito de imunizar os profissionais da saúde”, diz Damaso.

Para ela, esse não é um vírus tão complicado e também não tem a certeza se o Brasil irá produzir as vacinas, pois é necessário ter uma patente para iniciar a preparação dos imunizantes. A médica ainda diz que não há necessidade de vacinar toda a população brasileira, já que a doença não será como a Covid-19 foi. “Temos que vacinar os profissionais de laboratórios tanto de diagnósticos quanto de pesquisas, clínicas e pessoas da área da saúde que irão atuar tanto no caso de um atendimento quanto no contato de casos confirmados” conta a virologista.


Foto: Par de mãos com sintoma da “varíola dos macacos”/Reprodução: VivaBem UOL


Nome errado

A especialista conta que nunca houve um caso de varíola dos macacos no Brasil e se caso houvesse algum registro, a pessoa contaminada deveria ter vindo de algum país endêmico, como Nigéria, República Democrática do Congo e outros países africanos. Ela ainda pontua que a varíola só se manifesta em humanos e sua origem veio dos roedores e não dos macacos.

Tenho receio com essa história de ‘varíola dos macacos’, porque se fosse varíola mesmo, seria realmente complicado. A transmissão tem uma taxa muito alta chegando em 30% só nos casos de letalidade, enquanto a da monkeypox é de 1%”, afirma. Para a médica os macacos são hospedeiros acidentais, como os homens e ela pontua, o receio de que hajam mortes dos macacos, apenas porque a primeira vez que o vírus foi detectado tenha sido em um macaco.

Segundo a médica, este tipo de vírus é transmitido pelo contato de pele e se há algum caso suspeito, o infectado precisa se isolar, já que as feridas abertas ou secas podem transmitir o vírus para um corpo saudável. Para ter o diagnóstico correto, os laboratórios precisam de amostras em boa qualidade, por isso, o Ministério da Saúde já criou orientações para a coleta e o transporte correto das amostras.

Foto Destaque: Moléculas do “vírus dos macacos”/Reprodução: VivaBem UOL

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