A Fiocruz lançou um alerta, nesta quarta-feira (10/05) envolvendo o recente ressurgimento do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil. Ao todo são quatro tipos conhecidos do vírus da dengue, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, popularmente associados a epidemias sazonais ao longo do tempo.
O tipo específico identificado agora pela Fiocruz, não causa epidemias no Brasil há mais de 15 anos, mas houve registros de infecção desse sorotipo idenfiticados esse ano nos estados de Roraima (Norte) e Paraná (Sul) segundo um estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia).
Dentre os casos analisados, três foram infecções autóctones de pacientes em Roraima que provavelmente se infectaram no Estado e não possuíam histórico de viagem. Enquanto que o caso identificado no Paraná foi de origem ‘importada’, de um indivíduo vindo que fora diagnosticado em Suriname.
Todas as amostras foram analisadas pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, e ainda pelo CDC – Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, com o comunicado dizendo: “Foram as equipes do CDC de Porto Rico e do departamento de saúde da Flórida que identificaram os casos vindos de Cuba e nos EUA. Assim, esse é um alerta válido não só para o Brasil, mas para toda a região das Américas. Tendo em vista estarmos vivendo um grande número de casos de arboviroses esse ano no Brasil, a detecção de um novo sorotipo do vírus da dengue não é uma boa notícia”
Mosquito Aedes aegypti (Foto: Reprodução / CNN Brasil)
Com os cientistas envolvidos alertando que a circulação de um sorotipo, ainda mais um ausente por tanto tempo, é um sinal de preocupação em cima da possibilidade do surgimento de novas epidemias no país.
“Nesse estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, disse o comunicado de Felipe Naveca, virologista pesquisador da Fiocruz Amazônia.
“A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”, relata o pesquisador Felipe Naveca.
O risco de uma epidemia causada pelo retorno do sorotipo 3 é, segundo a Fiocruz, devido a baixa imunidade da população, pois poucas pessoas contraíram esse tipo específico do vírus desde as últimas epidemias do mesmo, previamente registradas no começo dos anos 2000.
Outra preocupação é o perigo da dengue grave, que atinge pessoas que já tiveram a doença, sendo infectadas novamente pelo outro sorotipo. Dentre os quatro tipos de vírus da dengue, a infecção por um deles gera imunidade apenas contra o mesmo sorotipo, mas com um sorotipo diferente, o risco de contrair a doença ainda existe.
Foto Destaque: Mosquito Aedes aegypti (Reprodução / Toda Matéria)
