Transplante de coração de porco com células-tronco humanas podem salvar vidas, segundo bióloga

Felipe Yamauchi Por Felipe Yamauchi
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Depois de muitos estudos, a bióloga molecular, Doris Taylor, viu que as células-tronco humanas poderiam ser unidas a um coração de porco e dessa forma, seria criado um novo coração humano viável que o corpo não rejeitaria, pois ele é feito com os próprios tecidos da pessoa transplantada.

Durante a conferência Life Itself, que teve a parceria da CNN, Doris comentou à plateia que: “Agora podemos imaginar a construção de um coração humano, levando transplantes de coração de um procedimento de emergência para um procedimento planejado”. Sendo assim, na visão da bióloga, o paciente usaria suas próprias células para ajudar na “construção” do seu novo coração, reduzindo custos e não fazendo tantas visitas ao hospital, podendo melhorar sua qualidade de vida.

Junto com Taylor, havia no palco um robô chamado BAB e que foi ensinado pela médica a injetar células-tronco nas câmaras de “corações fantasmas” dentro de um ambiente estéril. Enquanto conversava com o público, Taylor pôde mostrar vídeos indicando que a massa branca ou o “coração fantasma” estava ganhando uma cor mais rosada.


Coração de porco com células humanas (Reprodução: Deposit Photos)


A pesquisa em si

Taylor e uma equipe da Universidade de Minnesota, começaram já em 2008 a usarem o coração de porco em seus estudos, graças à sua semelhança anatômica com o órgão humano. Neste momento, eles descobriram o que é o “coração fantasma”, que é a matriz extracelular transparente e ela surge quando, o coração de porco e todas as células são lavados com xampu suave de bebês.

Depois disso, unimos as células dos vasos sanguíneos e as deixamos crescer na matriz por algumas semanas. Em seguida, passamos a injetar as células-tronco imaturas nas regiões da estrutura do coração de porco e aí tivemos de ensinar as células a crescer”, conta Doris. A equipe também teve de estimulá-las de forma elétrica, como um marca-passo, para que elas ficassem fortes e assim no começo se contraírem juntas e depois de fortificadas se contraírem sozinhas.

Mesmo depois de as células se unirem e começarem a bater juntas como um coração, Doris teve de nutrir o coração, medir sua pressão sanguínea e ensiná-lo a bombear. Depois de monitorar detalhadamente, o que se encontra nesse “novo coração” são as células cardíacas no ventrículo esquerdo funcionando no lado esquerdo, células cardíacas atriais no átrio e no ventrículo direito, as células cardíacas deste espaço, como o coração humano.

A saga das células-tronco

Como um coração humano adulto precisa de até 400 bilhões de células individuais. Sabendo disso a equipe liderada por Doris estava em dúvida de onde todas essas células viriam, até que a resposta veio das mãos do pesquisador biomédico japonês, Shinya Yamasaka. Ele descobriu que as células da pele humana adulta poderiam ser reprogramadas para se tornarem células-tronco embrionárias ou “pluripotentes” e assim elas poderiam se desenvolver pelo corpo.

Com essa descoberta e mais uma envolvendo um favo de fibra (semelhante ao das abelhas), onde as células podem se fixar e serem nutridas, desta forma se multiplicar em questão de semanas. O que Taylor destacou é que todo esse processo precisa ocorrer em um ambiente puro e livre de contaminantes, porque cada etapa pode infectar o coração e matá-lo.

Robô auxiliar BAB

A BAB, abreviação de BioAssemblyBot, é um berço estéril, criado pela Advance Solutions e que pode tanto segurar quanto transportar o coração entre as etapas do processo, longe de germes. Hoje, esse robô já sabe a melhor forma de injetar as células que a bióloga desenvolveu na última década.

Hoje, Taylor está trabalhando com investidores privados para levar sua criação para a sociedade. Se esse transplante for bem-sucedido nos próximos ensaios clínicos, logo os corações híbridos da Taylor poderá ser usado para salvar milhares de vida no mundo todo. 

 

Foto Destaque: Células-tronco humanas/Reprodução: ESCOLA educação

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