Apesar de proibido no Brasil, o cigarro eletrônico — também conhecido como “vape” — tem se tornado cada vez mais comum, em especial entre jovens. Os dados são preocupantes: de acordo com pesquisas da Universidade de São Paulo, o item já faz parte da rotina de 5% dos adolescentes. Além disso, exames laboratoriais mostram que alguns dos jovens que consomem esse tipo de produto apresentaram níveis de nicotina no corpo equivalentes aos de quem fuma 20 cigarros. De acordo com especialistas, taxas tão altas eram incomuns antes do aparecimento do “vape”;
A psicóloga Joana D’Arc Sakai ressalta que o uso de cigarros eletrônicos entre jovens é uma questão séria que precisa ser abordada com urgência. Ela destaca como agravante o fato de que o “vape” tem uma fácil entrada em qualquer ambiente, pois seu formato se assemelha a objetos comuns, como pen drives e canetas. Ao contrário do cigarro convencional, que hoje é bastante rejeitado, o cigarro eletrônico acaba sendo mais aceito pela sociedade em um primeiro momento.
Outro fator que pode atrair jovens para o vício em “vape” é a suposição incorreta de que ele prejudica menos os pulmões, em comparação com o cigarro convencional. . Na realidade, de acordo com Joana D’Arc Sakai, o cigarro eletrônico pode causar danos mais rápidos, uma vez que a nicotina é inalada por meio de vapor e não de fumaça. Assim como o cigarro convencional, o vape também pode causar diversos problemas, como doenças cardiorrespiratórias e até câncer de pulmão. Além disso, o compartilhamento dos cigarros eletrônicos pode resultar em ainda mais problemas de saúde, como herpes, dermatites e doenças bucais.
Dra. Joana D’Arc Sakai também destaca que o hábito de usar cigarros eletrônicos frequentemente evolui para o uso da nicotina em outras formas, uma vez que a substância é altamente viciante. Com o passar do tempo, o usuário pode começar a apresentar síndrome de abstinência quando fica sem fumar, além de precisar fumar cada vez mais para saciar a compulsão.
Para além da dependência química de nicotina, um usuário de cigarro eletrônico também pode desenvolver uma dependência psíquica, quando o hábito torna-se muito arraigado. “O próprio ato de levar o cigarro à boca e tragar já pode representar uma dependência psíquica”, pontua a especialista.
Nesse contexto, o psicólogo desempenha um papel fundamental, seja na prevenção ou no tratamento do vício. O profissional especializado pode, durante as sessões de terapia, ajudar o paciente a compreender as causas que o levam a buscar o cigarro eletrônico como uma forma de preenchimento emocional. ”Fumar às vezes é uma maneira que o jovem encontra para se inserir num grupo e se sentir moderninho”, afirma a Dra. Joana D’Arc. “Tudo isso se refere a um vazio interno, que o psicólogo tem que trabalhar”
As escolas, na análise da Dra. Joana D’Arc, também têm papel importante na prevenção ao vício em cigarros eletrônicos. A especialista recomenda que as instituições de ensino realizem programas de prevenção e palestras regulares, abordando os efeitos nocivos à saúde do “vape”. “O que vai dar recursos para que o jovem não entre nessa — ou saia dessa — é a informação”, conclui ela.
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