Vacinas brasileiras anticrack, cocaína e Covid-19 são finalistas de prêmio internacional

Nicolas Garrido Por Nicolas Garrido
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Os cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram classificados para a etapa final do Prêmio Euro Inovação na Saúde com dois projetos: as vacinas contra a dependência química de crack e cocaína e a contra Covid-19. Os acadêmicos concorrem com 12 outros projetos pelo valor de 500 mil euros em premiação. 


Amostra de cocaína utilizada nos testes da Calixcoca (Foto: reprodução/Foca Lisboa/ufmg.br)


Sobre as vacinas

O imunizante anti crack e cocaína, chamado Calixcoca, passou nos testes de segurança e eficácia pré-clínicos e tem a aprovação para prosseguir com testes em humanos, os quais a universidade busca financiamento para realizar. A vacina propicia a produção de anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea, transformando a droga em uma molécula grande que é impossibilitada de passar da barreira hematoencefálica e, portanto, de ser absorvida pelo organismo.

A coordenação do projeto contou com a orientação de Frederico Duarte Garcia, professor membro do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG.

Para o docente, a vacina permite que os pacientes possam se reinserir na sociedade: “Esse é um problema prevalente, vulnerabilizante e sem tratamento específico. Os nossos estudos pré-clínicos comprovam a segurança e eficácia do imunizante nessa aplicação. Ela aporta uma solução que propicia aos pacientes com dependência voltar a realizar seus sonhos”, afirma o doutor. 

Já a outra vacina é a SpiN-Tec, a primeira vacina 100% brasileira contra Covid-19, que promove a imunização celular contra as partes menos variáveis do vírus. A pesquisa foi desenvolvida pelo Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da universidade.

De acordo com Helton Santiago, coordenador dos testes clínicos da vacina, o maior legado não é que ela seja mais uma vacina contra a Covid-19. É um legado para a ciência brasileira, abrindo um caminho que outras vacinas possam trilhar. É a primeira vacina brasileira que passa por todo esse percurso, da concepção aos testes clínicos”, diz o doutor para o BHAZ.

Assim como a Calixcoca, a SpiN-Tec também foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes em humanos após não apresentar efeitos colaterais nas fases pré-clínicas. O governo de Minas Gerais anunciou em julho que disponibilizou R$10 milhões para investimento nos estudos.

 

Sobre o prêmio

O Prêmio Euro Inovação na Saúde contempla o potencial e incentiva projetos latino-americanos na área da medicina. A segunda edição ocorre no Brasil e é a primeira que abrange os 16 países da América Latina.

A premiação conta com quatro categorias e um grande prêmio para o projeto destaque: Inovação tecnológica aplicada à saúde, Inovação em terapias, Inovação em processos relacionados à saúde e Inovação social e sustentabilidade em saúde. A Calixcoca nomeada na categoria Inovação tecnológica aplicada à saúde e a SpiNTec foi uma das vencedoras na categoria Inovação em terapias. A concorrência ao prêmio já garante aos projetos ao menos R$ 50 mil. Ambos projetos brasileiros concorrem para a categoria de ‘Destaque’.

Para votar, é necessário ser um profissional da área da saúde com registro em conselho regional e federal de medicina nos países participantes do prêmio. A votação ficará aberta no site até o dia 3 de setembro.

 

Foto destaque: desenvolvedores da Calixcoca e SpiN-Tec aguardam a chegada dos investimentos do governo de Minas Gerais para começarem os testes em humanos. Reprodução/ Graziella Rivelli / CTVacinas 

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